quarta-feira, 4 de julho de 2018

Defensores dos direitos humanos não estão mais para brincadeiras


Ao abandonarem o Conselho dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), os Estados Unidos acusaram a organização de não fazer justiça ao nome por ter como estados-membros países como a Venezuela e a China.

David Chan | Plataforma | opinião

No dia 18 de junho, os EUA, autoproclamados defensores dos direitos humanos, representados pela embaixadora na ONU, Nikki Haley, e pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, acusaram o Conselho num comunicado à imprensa de parcialidade política e proteção de estados-membros violadores de direitos humanos. Nikki Haley acusou ainda o Conselho de “preconceito crónico” contra Israel. De seguida, Haley e Pompeo anunciaram em conjunto a saída dos Estados Unidos do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, com Haley a acrescentar que, olhando para os estados-membros do Conselho, facilmente se encontram violadores dos mais básicos direitos humanos. As nações em questão salientadas por Haley incluem a Venezuela, a China, Cuba e a República Democrática do Congo. Pompeo também deixou críticas ao Conselho, acusando-o de “hipocrisia descarada”. Stéphane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas, disse em comunicado que o desejo deste é que os EUA permaneçam no Conselho, o qual desempenha um papel vital na promoção e proteção de direitos humanos a nível mundial. 

Depois da saída ter sido anunciada, 12 organizações não-governamentais dedicadas a salvaguardar os direitos humanos e a proteção infantil escreveram uma carta ao secretário de Estado Mike Pompeo, mostrando o seu descontentamento para com esta decisão. Na carta, as mesmas reconhecem o facto de existirem algumas áreas preocupantes no funcionamento do Conselho, porém não sendo estas razões suficientes para justificar a saída dos Estados Unidos, causando apenas danos ao mesmo. Entidades de amnistia internacionais também já apelaram a uma revogação desta decisão, ao mesmo tempo reconhecendo e concordando com os problemas salientados pelos Estados Unidos. Todavia, o presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu mais uma vez ignorar as promessas americanas de proteção de direitos e liberdade humanos. É claro que o Conselho dos Direitos Humanos não é perfeito, e os estados-membros são muitas vezes questionados, no entanto, este continua a ser uma força importante na promoção da responsabilização e justiça nesta área. 

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, aplaudiu a decisão americana, dizendo ainda o seguinte no Twitter: “A decisão de saída dos EUA desta organização facciosa é uma mensagem clara.”

Com a saída, os EUA são agora cada vez mais criticados por grupos de proteção de direitos humanos. Estes acusam Trump de separar mais de duas mil crianças dos pais depois de as famílias terem entrado ilegalmente no país.

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