Primeiro vídeo dos jovens presos
em gruta na Tailândia mostra-os felizes mas ansiosos por “comida, comida”
Não há uma solução menos perigosa
para o resgate dos 13 jovens presos há dias numa gruta no norte da Tailândia.
Esta terça-feira, a Marinha tailandesa divulgou, através do Facebook, o
primeiro vídeo dos rapazes e dos seu treinador de futebol, a salvo mas bastante
fracos
Durante dez dias, o mundo susteve
a respiração à espera de saber o que teria acontecido aos 12 rapazes
desaparecidos, com o seu treinador de futebol, numa gruta da Tailândia. Mas o
que parecia ser apenas a esperança num milagre acabou por acontecer: estão todos
vivos e já há contacto entre eles e os especialistas que os tentam salvar. Mas
agora é preciso outro acontecimento semelhante a um milagre: ou os rapazes e o
treinador esperam até ao fim da época de chuvas, prevista para setembro ou
outubro, ou aprendem a mergulhar. No entanto, especialistas alertam para o
perigo de conduzir mergulhadores inexperientes através dos corredores de águas
lamacentas e de visibilidade zero.
As tentativas de bombear água - como
já escreveu o Expresso - para se atingirem níveis mais reduzidos não
foram bem-sucedidas até agora. A alternativa seria a de esperar que os níveis
descessem por si, o que significaria que teriam de ficar na caverna durante,
pelo menos, quatro meses e teriam de ser continuamente alimentados e receber
assistência.
As primeiras imagens da gruta de
Tham Luang Nang Non, no norte da Tailândia, já foram divulgados pelas
autoridades e mostram um
grupo de jovens aparentemente de boa saúde mas ansiosos por serem
resgatados e também por comida. Segundo a BBC, os jovens levavam alguma comida
com eles quando decidiram visitar as grutas, mas não a suficiente para os 10
dias em que estiveram presos.
No vídeo divulgado pela Marinha
tailandesa, uma das crianças falou em inglês com os dois mergulhadores
britânicos, as primeiras pessoas a localizar o grupo: "Estamos muito
felizes", disse, confirmando que todos estão bem. Enquanto falava em inglês,
o jovem foi muitas vezes interrompido pelos seus colegas que pediam, em
tailandês: “comida! comida!”. Um dos mergulhadores informou-os de que estavam
há dez dias presos acrescentando: “Vocês são fortes, são muito fortes”.
Um outro rapaz perguntou quando é
que seriam libertados. “Não, não é hoje. Há muitas pessoas a chegar para vos
salvar agora somos só dois, mas está tudo bem. Vem aí muita, muita gente, somos
só os primeiros”, disse um dos mergulhadores.
E terão que ser fortes não só
fisicamente - as imagens mostram que eles estão bem mas bastantes magros - como
psicologicamente também. Nenhuma das opções a serem estudadas para o seu
salvamento é ideal e não há certezas de que alguma resulte. Numa conversa ao
telefone com a cadeia televisiva britânica “Sky News”, Ben Raymenants, um dos
mergulhadores profissionais que está a ajudar as equipas de salvamento, disse
que “os miúdos estão muito fracos para tentarem agora mergulhar para se
salvarem”.
Apesar de estarem agora com eles
dois membros da Marinha, que estão a prestar ajuda médica, levaram alimentos e
já se voluntariaram para permanecer com o grupo durante o tempo que for
necessário, “eles estão neste momento a sofrer de atrofia muscular, mal se
conseguem manter de pé e precisam de tempo para recuperar forças”.
Explorador de grutas além de
mergulhador, Raymenants não parece muito confiante na hipótese do salvamento
através do mergulho. “É um sistema de cavernas incrivelmente complexo, um dos
mais longos da Tailândia e um dos mais confusos que já explorei”, disse à “Sky
News”, acrescentando que o caminho para fora da gruta “são pelo menos 2,5
quilómetros a nadar, e nenhum deles sabe nadar, sendo possível que entrem em
pânico”.
O grupo teria ido visitar as
grutas como parte de um ritual de iniciação que pressuponha caminhar até ao fim
do complexo, escrever o nome numa das paredes e regressar, segundo o que foi
sendo divulgado pelas autoridades. Mas uma subida súbita do nível das águas,
devido às fortes chuvas que caem atualmente sobre o norte da Tailândia,
“trancou-os” no interior.
O governo tailandês divulgou,
entretanto, um comunicado em que apela à população para que não exponha os
jovens nas redes sociais. Tirapon Tungchittipon, médico do Instituto de
Pediatria Queen Sirikit, disse que “deve evitar-se a publicação de imagens do
acidente para evitar repercussões psicológicas futuras”.
As autoridades parecem, por
agora, ter dado prioridade à extração de água da gruta para que os jovens sejam
mais diretamente acessíveis às equipas de salvamento.
Expresso | Foto: Lusa/Pongmanat Tasiri
Sem comentários:
Enviar um comentário