O Presidente da República
timorense cancelou a sua participação na cimeira da CPLP em Cabo Verde, este
mês, mantendo a intenção de visitar Portugal ainda que esta deslocação não
esteja ainda totalmente confirmada, segundo fonte da Presidência.
A fonte confirmou que a decisão
foi comunicada na quarta-feira numa carta que Francisco Guterres Lu-Olo enviou
ao Parlamento Nacional - que tem que aprovar as deslocações do chefe de Estado
ao estrangeiro - que altera um pedido anterior.
Nesse novo texto, Lu-Olo mantém o
pedido para a visita de Estado a Portugal - a sua partida está prevista para
terça-feira - e cancela o pedido para a visita a Cabo Verde.
"A decisão foi tomada
porque, no atual contexto, ficaria muito tempo fora do país", disse a
fonte do gabinete de Lu-Olo.
A carta foi avaliada hoje na
conferência de líderes das bancadas do parlamento que aprovaram o seu
agendamento para debate e votação na sessão de segunda-feira do parlamento.
No entanto, fontes da oposição,
admitem que essa autorização pode não ser dada devido ao impasse que permanece
entre Lu-Olo e o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, sobre um grupo de membros
do executivo, excluídos da tomada de posse do VIII Governo, no mês passado.
"Veremos na
segunda-feira", disse um deputado da oposição.
Fonte da Presidência confirmou à
Lusa que uma reunião de hoje entre o chefe de Estado, Francisco Guterres
Lu-Olo, e o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak para resolver o impasse sobre a
tomada de posse de 11 elementos do executivo "terminou sem acordo".
Taur Matan Ruak recusou-se a
fazer qualquer declaração aos jornalistas depois do encontro.
A mesma fonte explicou que não há
marcada, para já, nova reunião entre os dois para sexta-feira,
desconhecendo-se, para já, se haverá na segunda-feira a tomada de posse de
algum dos membros que faltam da lista entregue em junho por Taur Matan Ruak.
O único avanço no impasse ocorreu
hoje de manhã quando o Conselho Superior de Defesa e Segurança aprovou a
proposta do Governo de exoneração do brigadeiro-general Filomeno Paixão de
Jesus do cargo de vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, antes de este
ocupar o cargo de ministro da Defesa.
"A decisão foi aprovada por
unanimidade de todos os presentes e o Presidente vai agora assinar o decreto
presidencial para essa exoneração", disse, escusando-se a dizer quando
Paixão tomará posse.
"O diálogo [entre o Presidente
e o primeiro-ministro] continua. Não posso falar nem em nome do PR nem do
PM", comentou.
Recorde-se que o VIII Governo
começou a trabalhar quando ainda não estava completo e depois de o Presidente
não ter dado posse a 11 dos 41 membros propostos pelo primeiro-ministro, Taur
Matan Ruak.
Desde aí, tem-se mantido o
impasse com o Presidente da República a não ceder na posição do
primeiro-ministro que mantém a intenção de que todos os 11 tomem posse.
Entre os nomes excluídos
contam-se elementos centrais dos partidos da AMP e do organigrama do executivo,
incluindo o ministro de Estado e Coordenador dos Assuntos Económicos e o
ministro das Finanças.
A decisão de Lu-Olo levou Xanana
Gusmão, líder da AMP, a informar que não tomava posse como ministro de Estado e
conselheiro do primeiro-ministro, tendo estado também ausente da cerimónia o
ministro do Petróleo e Minerais, Alfredo Pires.
ASP // VM | Lusa
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