sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Superar o Impasse Político: Juntos Desenvolver o País Pelo Bem-Estar do Povo

Roger Rafael Soares * | opinião

O país está a passar por uma situação de decadência política que está a causar várias deficiências na vida social, económica e política do nosso Povo e da nossa Nação. É imperativo que se faça política no pleno sentido da palavra. Nesta particular circunstância, a falta de compreensão, de entendimento e de consciência cívica de autores políticos que apenas olham para a política como um instrumento de atingir o poder e nele permanecer, sem se preocuparem com povo que é sempre, em última análise, vítima inocente das jogadas e manobras, desrespeitando, assim, o princípio democrático adotado no nosso país.  

O impasse político que se está a viver no nosso país reflete, a meu ver, duas interpretações: a primeira está claramente associada à cor política do Presidente da República ao evocar o pretexto de assegurar um governo “limpo” como forma de promover a instabilidade política no VIII Governo Constitucional, não se conseguindo abster da sua formação política e militantismo. A segunda está relacionada com um Governo apoiado por uma maioria parlamentar. Ora, comparando o atual cenário político com o anterior, respeitante ao VII Governo Constitucional, apoiado por uma minoria parlamentar, o que se regista é uma clara parcialidade do Presidente da República em ambos os cenários políticos, ou melhor dizendo atuando com pouca neutralidade política. É claro e sabido, como determina a Constituição, o Governo é nomeado pelo Presidente da República mediante proposta do Primeiro-Ministro, mas é preciso que se nota que é igualmente verdade que o Governo é nomeado em função dos resultados eleitorais para o Parlamento Nacional.  Este impasse político resulta do conflito institucional entre o Presidente da República e o Governo – Chefe de Governo, sendo de realçar a postura assertiva, cooperante e dialogante do chefe do VIII Governo, pela qual incita à resolução deste impasse político promovido pelo Chefe de Estado. Outro facto que veio evidenciar a persistente conflitualidade institucional por parte do Presidente da República foi o recurso à fiscalização preventiva da constitucionalidade respeitante à aprovação do empréstimo no valor de 140 milhões de dólares para o financiamento das atividades do governo, bem assim para sustentabilidade do Estado na sua generalidade.

Neste momento, o país precisa que o VIII Governo Constitucional comece a trabalhar na sua total plenitude, de forma a resolver os problemas e desafios sociais e económicos. Como determina a Constituição, o Governo é o órgão de soberania responsável pela condução e execução da política geral do país e o órgão superior da Administração Pública. Dessa forma, o arrastar deste impasse político reverte-se no arrastar dos problemas e desafios do país.  É de notar que o papel do Presidente da República deve passar por uma intervenção política, conforme determinada constitucionalmente, e não por uma intervenção executiva ou governativa. Ao Presidente da República, cabe-lhe garantir a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas, entre outras funções consagradas pela Constituição. Portanto, “o princípio da separação de poderes implica que cada órgão constitucional a quem é atribuído o núcleo essencial de uma função do Estado, se deva conter nos limites das competências que lhe são constitucionalmente atribuídas, de forma a que assegurado um modelo de repartição funcional que observe exigências de essencialidade na distribuição das atividades públicas…” (Morais, C.B.). Dessa forma, dos órgãos de soberania, é aos Tribunais que compete, única e exclusivamente, julgar, com imparcialidade e neutralidade, pelo que a sua função é jurisdicional. Aos restantes três órgãos de soberania estão associados as funções executiva e legislativa. Nesta altura, o país precisa de harmonia, coordenação e solidariedade institucional entre os órgãos de soberania- Presidente da República, Governo e Parlamento – imperando o respeito pela esfera de ação, competências e responsabilidades de cada um deles. Está mais que na hora de honrar os compromissos com todos os timorenses. Impõe-se o cumprimento das diretrizes constitucionais sobre a cor política deste ou daquele Presidente da República a favor da soberania do Povo, a quem cabe eleger os seus representantes políticos.  

 A meu ver, a falta de coragem política em considerar e respeitar a vontade do povo, expressada nas eleições gerais passadas, através das quais, de forma maioritária, depositou a confiança à Aliança Maioria Parlamenta (AMP) a oportunidade de formar o VIII Governo Constitucional.  A vontade expressada pelo povo é sagrada, através do qual os políticos devem respeitá-la e honrá-la, pois, o povo é uma parte integrante na definição decisiva de reconhecimento da soberania de uma Nação, conforme definida na ciência política. Respeitar a decisão do povo em prol do desenvolvimento do país.

Rojer Rafael Tomás Soares,
Ailili, Manatuto

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