Sydney, Austrália, 16 ago (Lusa)
-- Um rapaz de 12 anos está há duas semanas em greve de fome num centro para
migrantes financiado pela Austrália na ilha de Nauru, no Pacífico Sul, alertou
hoje a organização Médicos para os Refugiados.
O rapaz, de nacionalidade
iraniana, está há cinco anos com a família naquele remoto país insular, onde a
Austrália estabeleceu um centro para migrantes e refugiados que tentam chegar
por via marítima ao território australiano.
"Ele [o rapaz] tem uma
situação familiar difícil e há quase duas semanas recusa alimentos sólidos e
líquidos", disse à televisão australiana ABC o presidente da organização
médica humanitária Doctors for Refugees, Barri Phataford.
"Não quero dar muitos
pormenores sobre a sua condição clínica, mas é evidente que quando uma criança
não quer comer nem beber por duas semanas é porque está profundamente
deprimida", acrescentou.
Para o médico, o rapaz, como
tantos outros refugiados, "perdeu completamente a esperança" de ir
para a Austrália.
Fontes médicas do centro disseram
ao jornal britânico The Guardian que o rapaz está sedado para que lhe possam
ser administrados líquidos por via intravenosa.
"A situação é crítica. Eles
sabem disso, em Camberra, mas não acontece nada", disse a fonte.
Um porta-voz do Ministério do
Interior da Austrália escusou-se a comentar o caso e afirmou que Nauru
"tem uma ampla gama de serviços de saúde", que inclui especialistas
em saúde mental.
A transferência de refugiados e
migrantes para a Austrália ou para outros países é avaliada caso a caso, desconhecendo-se
se o caso do rapaz está a ser avaliado.
Alguns casos médicos são
transferidos, segundo o Guardian, mas normalmente só ao fim de muitos
relatórios médicos.
O jornal refere o caso de duas
crianças que deverão sair do centro na sexta-feira.
Trata-se de um rapaz de 8 anos,
autista, cujos pais estão doentes, e outro de 14 anos, com uma perda de massa
muscular tão acentuada que pode nunca voltar a andar normalmente.
Agências da ONU e organizações
humanitárias têm denunciado a deterioração da saúde mental dos migrantes
retidos nestes centros, especialmente dos menores.
A Austrália mantém desde 2013 uma
restritiva política de imigração, que passa por manter os migrantes e
refugiados em centros localizados noutros países.
Além de Nauru, Camberra tinha
outro centro em Manus, na Papuásia-Nova Guiné, mas esse foi encerrado em
outubro passado depois de um tribunal papuásio o declarar ilegal.
Estima-se que haja atualmente
1.100 refugiados em Nauru, entre os quais 120 menores, e cerca de 800 pessoas
continuam em Manus à espera de ser transferidas para outros países.
MDR // EL
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