Pequim, 23 abr 2019 (Lusa) - A
China afirmou hoje "apreciar profundamente" a participação de
Portugal na iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota", apontando a localização
estratégica do país, um dos primeiros da Europa ocidental a aderirem à visão
internacional de Pequim.
Num comunicado enviado à agência
Lusa, nas vésperas de o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa iniciar uma visita
de Estado ao país, o Governo chinês enaltece a adesão "ativa" e a
"atenção" de Lisboa ao seu plano.
Descrito pelo Presidente chinês,
Xi Jinping, como o "projeto do século", aquele gigantesco plano de
infraestruturas foi já incluído na Constituição chinesa, materializando a nova
vocação internacionalista de Pequim.
Uma malha ferroviária e
autoestradas ligarão a região oeste da China à Europa e Oceano Índico, cruzando
Rússia e Ásia Central, enquanto uma rede de portos em África e no Mediterrâneo
reforçarão as ligações marítimas das prósperas cidades do litoral chinês.
Pelo caminho, serão erguidos
aeroportos, centrais elétricas e zonas de comércio livre, redesenhando o mapa
da economia mundial e anunciando uma "nova era", na qual a China
ocupará o centro da ordem mundial.
No comunicado, Pequim realça a
posição "muito relevante" de Portugal no extremo oeste da Eurásia,
insinuando uma coordenação com Lisboa, que quer a inclusão de uma rota
atlântica no projeto chinês, permitindo ao porto de Sines conectar as rotas do
Extremo Oriente ao oceano Atlântico e beneficiar assim do alargamento do canal
do Panamá.
"A assinatura de um
memorando de entendimento com Portugal no âmbito da 'Uma Faixa, Uma Rota'
estabeleceu uma fundação sólida para o desenvolvimento da iniciativa",
nota.
Lembrando que a visita do
Presidente da China, Xi Jinping, a Lisboa, em dezembro passado, "elevou as
relações para um novo patamar", as autoridades chinesas consideram que
Portugal "constitui um exemplo positivo" para a cooperação entre a
China e a Europa.
"Portugal é dos primeiros
países da Europa ocidental a assinar um documento de cooperação no quadro da
iniciativa 'Uma Faixa, Uma Rota'", realça.
Contudo, os planos chineses têm
suscitado também divergências com as potências ocidentais, que veem uma nova
ordem mundial ser moldada por um rival estratégico, com um sistema político e
de valores profundamente diferente.
Na Europa Ocidental, para além de
Portugal, apenas a Itália apoia formalmente a iniciativa chinesa. Alemanha e
França têm pressionado por critérios de seleção mais rigorosos para os
investimentos chineses no continente.
No mês passado, Bruxelas produziu
um documento que classifica Pequim como um "adversário sistémico",
que "promove modelos alternativos de governação", e apelou a ações
conjuntas para lidar com os desafios tecnológicos e económicos colocados pela
China.
O Governo chinês lembra, no
entanto, que "está disposto a trabalhar em conjunto com Portugal"
para coordenar a sua visão com os planos da União Europeia de conectividade à
Ásia e com a estratégia portuguesa de desenvolvimento nacional.
E reafirma a sua vontade em
continuar a "expandir a cooperação" com Lisboa nos setores
"energia, transportes, infraestrutura portuária e logística", para
"beneficio de ambos os países e povos".
JPI // EL
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