Díli, 17 set 2020 (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense disse hoje que estão a decorrer investigações para saber se agentes policiais timorenses ou agentes do lado indonésio colaboraram para permitir a entrada ilegal de mais de 160 pessoas nas últimas semanas em Timor-Leste.
"A investigação está a decorrer para detetar se houve algum apoio daqui ou da parte indonésia. Quando a investigação estiver concluída, e se for necessário, tomaremos medidas", disse Taur Matan Ruak aos jornalistas.
O chefe do Governo falava aos jornalistas depois do encontro semanal com o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, durante o qual analisaram esta e outras questões, com destaque para o debate orçamental.
Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro admitiu uma "grande preocupação" sobre o elevado número de entradas ilegais, expliccando que o executivo está a estudar soluções para minimizar a situação.
Na semana passada Antonio Armindo, vice-ministro do Interior, disse à Lusa que nas últimas semanas entraram ilegalmente no país "mais de 160 pessoas", tendo todas sido detidas e canalizadas para locais de quarentena.
Apesar do reforço nas patrulhas e no policiamento, com a instalação de novos postos de polícia fronteira, Armindo admitiu que continuam a ser necessários mais agentes para a região.
"Aumentámos os postos de polícia. Não revelamos o número de agentes já no terreno, por questões de segurança, mas é preciso reforçar ainda mais o apoio à Unidade Especial Fronteira (UEF)", referiu.
A maior parte dos casos da entrada ilegal estão relacionados com membros de grupos de arte marciais que viajaram até ao lado indonésio da ilha para cerimónias de juramento e filiação neste tipo de organizações.
Taur Matan Ruak disse que a contribuir para as entradas ilegais estão as relações familiares na população fronteiriça, a questão do comércio transfronteiriço -- de que vivem muitas famílias -- e ainda a questão de grupos de artes marciais.
Neste último grupo, Taur Matan Ruak referiu-se ao largo número de membros da PSHT, o maior grupo de artes marciais, que entraram ilegalmente no país, facto que causou "grande preocupação" ao Ministério da Fronteira.
O governante disse que as autoridades estão a reforçar os controlos fronteiriços e em diálogo com a liderança da organização para que coopere para evitar essas entradas ilegais que aumentam o risco de contágio comunitário da covid-19.
Notando que o número de infetados no mundo, incluindo na vizinha Indonésia, continua a aumentar, Taur Matan Ruak recordou que Timor-Leste tem sido sorte nesta matéria, com apenas um caso ativo no país neste momento.
"Todos temos que contribuir para que a situação permaneça assim e não prejudique o resto da população", disse.
"Apelo a todos para que ajudem a contribuir para a segurança de todos os cidadãos", frisou.
Desde o início da pandemia Timor-Leste registou apenas 27 casos confirmados, todos com sintomas leves e muitos assintomáticos, dos quais apenas um ainda não recuperou.
A grande maioria desses casos foram de pessoas que entraram pela fronteira terrestre.
O país está no quinto período de 30 dias de estado de emergência que termina no início de outubro, com restrições às entradas no país.
ASP // PJA
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