quarta-feira, 1 de maio de 2024

Ex-general indonésio acusado de abusos em Timor-Leste eleito presidente

Prabowo foi acusado de abusos contra civis em Timor-Leste durante a sua passagem pelo exército. Os adversários na eleição já declararam intenção de contestar legalmente os resultados.

O controverso ex-general Prabowo Subianto, acusado de violações dos direitos humanos, nomeadamente em Timor-Leste, foi declarado vencedor das eleições presidenciais da Indonésia realizadas em 14 de fevereiro, segundo os resultados oficiais divulgados esta quarta-feira.

Após mais de um mês de contagem dos votos, a Comissão Eleitoral da Indonésia declarou no seu canal do Youtube que Prabowo obteve 58% dos votos, contra 24% do antigo governador de Jacarta Anies Baswedan, e 16% do antigo governador de Java Central Ganjar Pranobo, os outros dois candidatos presidenciais.

Desde a eleição, houve numerosos protestos denunciando uma suposta fraude eleitoral, e tanto Anies como Ganjar também declararam recentemente a sua intenção de contestar legalmente os resultados, alegando que Prabowo recebeu apoio não oficial do presidente cessante, Joko Widodo.

O antigo general concorreu juntamente com o filho de Widodo, Gibran Rakabuming Raka, de 36 anos, que se tornará vice-presidente.

Os dois obtiveram mais de 96,21 milhões de votos, contra 40,97 milhões de Anies e o seu candidato a vice-presidente, Muhaimin Iskandar, e 27,04 milhões de Ganjar e Mohammad Mahfud Mahmodin.

Estas eleições na Indonésia, a terceira maior democracia e o país com mais muçulmanos no mundo, foram marcadas pelo passado de Prabowo, acusado de violações dos direitos humanos quando era chefe do corpo de elite Korpassus (dezembro de 1995 a março de 1998) e das forças especiais (março a maio de 1998).

Prabowo foi acusado de abusos contra civis em Timor-Leste e na Papua e do rapto de ativistas durante a sua passagem pelo exército, do qual foi expulso por desobediência em 1998, e foi proibido de entrar nos Estados Unidos durante vários anos.

No entanto, Prabowo, ministro da Defesa cessante, de 72 anos, conseguiu posicionar-se como o candidato favorito depois de reabilitar a sua imagem de avô “cativante”, através de uma campanha em que chegou a fazer danças que se tornaram virais no TikTok, para atrair eleitores mais jovens.

A sua aliança com Gibran Rakabuming Raka foi também um impulso para a sua campanha devido à popularidade de Widodo, na Presidência desde 2014.

Este pacto eleitoral provocou críticas entre os apoiantes de Anies, de 54 anos, e Ganjar, de 55.

Widodo, que não se pôde recandidatar devido ao limite legal de dois mandatos, não tomou publicamente posição sobre nenhum dos candidatos, mas os outros concorrentes alegam que o seu apoio implícito foi crucial para a vitória de Prabowo.

A lei indonésia permite que o presidente cessante tome posições, embora proíba a utilização de fundos estatais para campanhas, uma das principais questões subjacentes às alegações dos adversários.

Observador | Lusa (20 março) 

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