Macau,
China, 13 mai (Lusa) -- Centenas de católicos, turistas e curiosos participaram
hoje na missa e procissão da Nossa Senhora de Fátima em Macau, numa
manifestação de fé e multiculturalidade que encheu as ruas da cidade.
Para
a portuguesa Filipa Guadalupe, "a melhor parte" da procissão iniciada
na igreja de São Domingos é a chegada ao santuário da Penha, já de noite.
"Eu fazia sempre a procissão das velas em maio e outubro. Penso que em
termos de espiritualidade e energia é mais forte. É por isso que eu gosto de ir
à (Igreja da) Penha, porque era um pouco o que eu fazia em Fátima",
afirmou.
A
viver em Macau há três anos, a confessa devota de Nossa Senhora de Fátima
observou que a peregrinação do 13 de Maio é um exemplo de como "a fé não
tem cor nem fronteiras".
"O
que mais me fascina são os orientais, que maioritariamente não são católicos.
Fátima é um fenómeno mundial, mas é português, e (esta demonstração de fé) vai
além das famílias macaenses", avaliou a portuguesa, entusiasmada com a
enchente nas ruas.
Essa
é também a impressão da irmã Lioba Park, sul-coreana da congregação católica
Filhas de São Paulo, residente em Macau há cinco anos. "A Nossa Senhora
(de Fátima) não é tão popular na Coreia do Sul, mas aqui há muitos devotos. A
minha mãe nunca tinha visto a imagem e achou-a muito bonita", afirmou.
Para
muitos macaenses, a peregrinação do 13 de Maio é um ponto de encontro entre
famílias e amigos e também um costume passado de geração em geração. No caso de
Maria do Carmo Gil, a educação católica já chegou aos netos, que este ano estão
entre os 'anjinhos' da procissão.
"Os
garotos adoram. Eu nem sei o que eles sentem, mas para eles é um gosto ir na
procissão", descreveu, ao falar das gémeas e do menino, de sete e seis
anos.
Mais
graúdos, mas com vestes brancas e munidos de velas, alguns estudantes do
interior da China, que estão a fazer mestrado na Universidade de Ciência e
Tecnologia de Macau (MUST), aguardavam à porta da Igreja de São Domingos o
arranque da marcha. Não são católicos, mas a convite de um amigo no 'WeChat'
decidiram "ajudar neste evento interessante".
Interessante
é também a apreciação de Cristal Wang, turista da província chinesa de Hubei,
que escolheu visitar Macau nesta altura por causa do Festival de Artes, das
celebrações em homenagem à deusa A-Ma, mas também porque sabia que ia haver
esta procissão.
"Acho
que nunca tinha visto nenhum ritual da igreja católica. Sou meio budista, mas
fiz uma pesquisa e percebi que se trata da mãe de Jesus", disse a
professora de inglês, que aguardou mais de uma hora pela saída do altar da
igreja de São Domingos.
Entre
cânticos entoados nas três línguas -- português, chinês e inglês -- e sob a
orientação de um prelado, a procissão subiu à Sé e desceu até à avenida da
Praia Grande, seguindo a passo lento em direção à ermida da Penha, num dos
pontos mais altos da cidade.
FV
// VM
Sem comentários:
Enviar um comentário