Macau,
China, 06 set (Lusa) -- As eleições para o Conselho das Comunidades começaram
esta manhã em Macau, com um número recorde de recenseados, cerca de 15.000, com
apenas uma lista à disposição, liderada pelo deputado local José Pereira
Coutinho.
Pelas
08:00 (01:00 em Lisboa), dezenas de pessoas juntavam-se já na entrada do
Consulado de Portugal, onde cerca de 170.000 portugueses estão registados.
Pelas 12:00 (05:00 em Lisboa), cerca de 1.000 pessoas já tinham votado, de
acordo com a equipa do candidato.
A
maioria dos eleitores entrevistados pela agência Lusa -- macaenses ou de etnia
chinesa com mais de 50 anos -- participava pela primeira vez nesta eleição,
respondendo à intensa campanha de apelo ao recenseamento levada a cabo pela
lista de Coutinho, que é também presidente da Associação dos Trabalhadores da
Função Pública de Macau.
O
que os moveu foi a vontade de ter alguém da sua confiança a fazer de 'ponte'
com Portugal e, em particular, o consulado.
"Precisamos
de ajuda. Queremos pessoas que nos ajudem a verificar documentos porque está
tudo em português e a maioria [dos portadores de passaporte português em Macau]
são chineses. A minha mulher é [de etnia] chinesa e quando vou trabalhar ela
não sabe [tratar] de nada. Então peço-lhes e eles ajudam, fazem a ponte",
explica Francisco Inácio.
Tammy
Lo também se estreou hoje nas eleições para o Conselho das Comunidades, que se
realizam desde 2003. "Coutinho fez muitas coisas por nós. Gosto dele. Por
exemplo, para renovar o passaporte agora é mais conveniente", diz,
salientando que acredita que os conselheiros vão "levar os nossos
problemas a Portugal".
Fred
Lei pede ajuda à filha para traduzir: "O Conselho das Comunidades pode
ajudar-nos a expressar as nossas necessidades e expectativas, foi por isso que
vim votar".
Vota
também pela primeira vez, incentivado, diz, por um melhor trabalho de promoção
por parte da lista candidata.
Tal
como os outros entrevistados, Fred Lei salienta a importância do apoio
administrativo a uma comunidade que, em grande parte, não domina a língua
portuguesa. "Temos o passaporte português e [os conselheiros] podem
ajudar-nos com trabalhos administrativos ou quando vamos viajar ou
estudar", explica.
Apesar
de satisfeitos com o candidato -- que conta com Rita Santos como número dois e
Armando Jesus em terceiro lugar --, os eleitores gostariam de ver mais listas
na corrida.
Todos
disseram estar informados que Coutinho é também candidato à Assembleia da
República portuguesa, como candidato pelo partido 'Nós, Cidadãos!' ao círculo
fora da Europa, e manifestaram interesse em votar nele.
Às
12:30 (05:30 em Lisboa), Coutinho colocou o seu voto: "Acabei de exercer o
meu direito de voto. Neste momento estamos empenhados em concluir o processo de
eleição, até agora tudo tem corrido bem".
Pereira
Coutinho promete mais deslocações a Lisboa e propõe-se facilitar a difusão do
português: "Estamos muito interessados em que haja uma maior difusão da
língua portuguesa, não só no âmbito do consulado e do IPOR [Instituto Português
do Oriente], mas também através do envolvimento das associações de matriz
portuguesa".
Questionado
sobre o facto de a sua ser a única lista candidata, Coutinho admite que
"em democracia era importante haver mais listas", mas refere que
"Macau tem as suas especificidades" e que "as pessoas
conhecem-se umas às outras de ginjeira".
"Sabem
o trabalho que temos efetuado, por isso acho que é normal que só haja uma
lista", conclui.
Sobre
um eventual interesse em concorrer à presidência do Conselho Permanente das
Comunidades Portuguesas, Coutinho aponta para a sua número dois:
"Acreditamos que Rita Santos pode desempenhar esse papel".
A
antiga secretária-geral adjunta do Fórum para a Cooperação Económica e
Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa reagiu com surpresa e
disse que esse será um tema a analisar mais tarde.
"Caso
houver, da parte dos outros conselheiros das comunidades portuguesas, confiança
na minha pessoa, acredito farei bem o trabalho. Mas ate lá tenho ainda de fazer
a minha campanha junto dos outros conselheiros. Agora a minha preocupação é
aperfeiçoar o trabalho aqui em Macau", comentou.
ISG
// SO
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