Jacarta,
29 set (Lusa) - A agência antinarcóticos da Indonésia (BNN, na sigla indonésia)
está preocupada com a entrada de droga no país através de Timor-Leste e alerta
que o pequeno território faz parte das rotas de organizações criminosas
internacionais.
Segundo
o porta-voz da BNN, Slamet Pribadi, "há muitas mulheres" a traficar
droga proveniente da Nigéria e isto é um "problema não só para a ASEAN
[Associação das Nações do Sudeste Asiático], mas também para Timor-Leste".
"Os
grandes chefes [do tráfico internacional] são da Nigéria e da China" e a
droga passa "pela Malásia para depois chegar à Tailândia, Timor-Leste,
Indonésia e Filipinas", disse.
Os
Estados-membros da ASEAN já concordaram em cooperar no desenvolvimento da
segurança portuária no âmbito da luta antidroga e, entre este ano e o próximo,
os dez países vão discutir como lidar com o problema das drogas provenientes da
Nigéria, sendo que Timor-Leste, que ainda não faz parte do grupo, será
convidado a participar, adiantou.
Questionado
sobre números relativos à entrada de droga na Indonésia via Timor-Leste nos
últimos anos, Slamet Pribadi recuou até 2012 para dar o exemplo de dois casos
de tráfico de seis quilos de metanfetamina, afirmando não ter mais dados.
O
tráfico de droga proveniente de Timor-Leste não é "muito grande"
comparativamente ao que é apanhado nas rotas ligadas à Malásia e a Singapura,
mas o porta-voz da BNN está preocupado com a falta de segurança no país mais
recente do Sudeste Asiático.
"A
forma mais fácil para fazer entrar narcóticos ilegalmente na Indonésia é por
Timor-Leste, porque há falta de segurança no aeroporto [de Díli]", onde
nem existem equipamentos de "raio-x para ver o que está dentro das
malas", alertou.
Depois
disso, a droga é transportada para a Indonésia pelas fronteiras terrestres ou
por via marítima.
As
autoridades policiais timorenses estão em conversações com a BNN para receber
formação na luta contra o tráfico, sobretudo na área da "aplicação da
lei", acrescentou, respondendo que o treinamento deverá começar "o
mais rápido possível", sem arriscar uma data.
Em
declarações à agência Lusa, Slamet Pribadi defendeu que Timor-Leste deveria
aplicar a mesma "legislação firme" que está em vigor na Indonésia
para lutar contra o problema e assim "tentarmos juntos reduzir as drogas
ilegais" na região.
O
maior país do Sudeste Asiático tem uma das leis antidrogas mais rígidas do
mundo, que inclui a pena de morte, enquanto a pena máxima para quaisquer crimes
em Timor-Leste é de 25 anos de cadeia, podendo ser aumentada para os 30 em
casos especiais.
"Se
somente a Indonésia for muito rígida, aplicando um castigo muito forte, eles
vão correr para Timor-Leste", alertou.
A
Indonésia retomou este ano as execuções de traficantes por fuzilamento, com o
Presidente Joko Widodo a justificar que todos os dias morrem entre 40 a 50
indonésios por causa de narcóticos, um número contestado por alguns
especialistas.
Depois
de ter executado este ano 14 pessoas, entre as quais dois brasileiros, o país
tem ainda 72 pessoas ligadas ao narcotráfico no corredor da morte, nenhuma
delas oriundas de países oficiais de língua portuguesa, de acordo com o mesmo
responsável.
Slamet
Pribadi espera que todas as execuções aconteçam "este ano", para
tentar dissuadir eventuais traficantes de entrar no país, mas tal depende de
decisões judiciais.
Contudo,
a próxima ronda de execuções deverá acontecer no próximo ano, de acordo com o
gabinete da Procuradoria-Geral citado pela imprensa indonésia.
AYN
// PJA
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