CNE
divulga números da taxa de participação até às 16h. Em 2011, à mesma hora,
tinham votado 41,98% dos eleitores inscritos.
Às
16h tinham votado 44,38% dos eleitores, mais 2,4% do que nas últimas eleições
legislativas, quando a abstenção foi a mais alta de sempre e mais baixa do que
em 2002, as eleições legislativas em que maior percentagem de pessoas foram às
urnas nos últimos 13 anos.
Às
12h tinham votado 20,65% dos eleitores inscritos, mas isso não fugia ao que
costuma acontecer. Com os números apurados às 16h, já se passa algo de
diferente. A variação (entre os 41,98 %e os 50,90%) , ao longo dos
últimos 13 anos, é muito maior do que às 12h e, embora se esteja a falar de
apenas quatro actos eleitorais, pode ser detectada uma tendência ou, pelo
menos, uma coincidência.
Em
2011, quando foram batidos todos os recordes de abstenção em legislativas, às
16h tinham votado apenas 41,98% dos eleitores, o valor mais baixo. E em 2005,
quando a abstenção foi menor (nas eleições a seguir à dissolução da Assembleia
da República por Jorge Sampaio e à queda do Governo liderado por Pedro Santana
Lopes) já tinham ido às urnas, às 16h, 50,9% dos inscritos. Foi precisamente
nesse ano a taxa de participação registada em legislativas foi maior, neste
período de 13 anos: 65,03% dos eleitores votaram.
A
preocupação com a abstenção voltou a marcar as vésperas das eleições.
A
chuva prevista para este domingo não falhou. Já o jogo de futebol que devia
opor a União da Madeira ao Benfica, marcado precisamente para as 16h, foi
àquela hora adiado devido ao nevoeiro. O jogo entre o Braga e o Arouca está
marcado para as 18h, e confronto entre o Porto e o Belenenses um pouco mais
tarde, às 18h15. O Sporting e o Vitória de Guimarães confrontam-se às 20h30.
É
a primeira vez, em 40 anos de democracia, que há jogos da I Liga marcados
para o dia das eleições legislativas, como fez notar no início de Setembro o porta-voz
da Comissão Nacional de Eleições, João Almeida, que considerou a mistura “pouco
sensata”. Neste sábado, Cavaco Silva referiu-se ao assunto, apelando
para que os portugueses fossem às urnas, apesar
do futebol e da chuva.
As
preocupações com a abstenção prendem-se ainda o factor “emigração”,
como têm lembrado alguns partidos políticos e comentadores.
Juntando
os que saíram por menos de um ano (e que entretanto podem ter regressado) e os
que partiram de forma permanente, emigraram, nos últimos quatro anos, 485.128
pessoas. Muitas
delas encontraram dificuldades em votar, devido a problemas de
recenseamento; além disso, o Ministério da Administração Interna esqueceu-se de
colocar “Portugal” no destino dos envelopes disponibilizados para o envio dos
votos por correspondência, o que tornou incerta a sua chegada ao país.
Os
dados relativos à abstenção em eleições legislativas disponíveis no sítio da Pordata mostram que tem
havido algumas oscilações, mas a tendência é para o crescimento,
independentemente deste tipo de circunstâncias. Logo de 1975 para 1976 a taxa
de abstenção saltou dos 8,5% para os 16,7%. Baixou nos dois actos eleitorais
seguintes, mas a partir de 1983 (em que a taxa foi de 22,3%) o aumento foi
quase contínuo. A excepção ocorreu em 2002 em que se verificou uma descida não
significativa, de 39,0% para 38,4%, que coincidiu com a realização de eleições
antecipadas, pela demissão do primeiro-ministro socialista António Guterres.
Depois, foi sempre a subir, até aos quase 42% em 2011.
Graça
Barbosa Ribeiro - Público
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