Macau,
China, 25 out (Lusa) -- Uma roda-gigante em forma de oito começará a girar na
terça-feira na 'strip' de casinos de Macau, voltando holofotes para o
entretenimento numa cidade que quer reduzir a sua dependência económica do jogo
e dos grandes apostadores.
Além
da roda-gigante do "Studio City", cujo projeto inicial nem sequer
contemplava área de jogo, estão a crescer no Cotai (a 'strip' de Macau) um par
de palácios e uma Torre Eiffel, também com oferta mais focada no lazer e menos
no jogo, cujas receitas estão em queda desde há mais de um ano.
Das
seis operadoras com licença de jogo em Macau, três já deixaram a sua pegada
nesta parcela de aterros entre as ilhas da Taipa e de Coloane, enquanto as
restantes três vão a caminho. Até ao final de 2017, todas terão um
"pedaço" onde antes era mar e depois terra pouco cobiçada.
O
"Studio City", que abre na terça-feira, tem uma ampla componente
extrajogo, com a oferta a incluir um simulador de voo 4D dedicado ao Batman, um
estúdio de gravação de programas de televisão e uma sala de espetáculos - que,
em fevereiro, vai ser palco da estreia de Madonna em Macau -, para atrair mais
turistas chineses que potencialmente acabarão o dia junto a uma mesa de pano
verde.
Esta
aposta em diferentes atrações é vista como uma forma de Macau se moldar mais ao
estilo de Las Vegas, ou seja, como um destino turístico de massas, e assim
reduzir o peso do "jogo VIP".
A
aposta no entretenimento é, contudo, como refere um artigo recente do Financial
Times, uma estratégia de "alto risco", porque tradicionalmente a
componente extrajogo lidera as perdas no seio das operações dos casinos.
Esta
semana, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong,
reiterou, contudo, que o Governo da região vai continuar a limitar o número de
licenças para novas mesas de jogo e espera distribuí-las da melhor forma no
mercado de massas, precisamente para incentivar as operadoras a explorar a
vertente não-jogo e assim promover a almejada diversificação da economia.
Detido
maioritariamente pela Melco Crown, liderada por Lawrence Ho, filho do magnata
dos casinos Stanley Ho, e do milionário australiano James Packer, o
"Studio City" é o segundo complexo a abrir portas este ano em Macau,
depois de a Galaxy, de interesses de Hong Kong, ter inaugurado, em maio, a
segunda fase do seu empreendimento no Cotai.
Apesar
de as receitas dos casinos continuarem em queda, prosseguem os projetos
milionários traçados em tempo de 'vacas gordas' para a 'strip'. No entanto,
houve pedidos de adiamento, como sucedeu com a Sands, que solicitou a extensão
do prazo para concluir o "Parisian", que inclui uma réplica da Torre
Eiffel (com metade do tamanho da original) e é um dos três projetos com
abertura prevista para a segunda metade de 2016.
O
"Parisian" fica perto do Venetian, o maior casino do mundo integrado
num 'resort' com canais e gôndolas e uma praça de S. Marcos a imitar Veneza.
Também
para essa altura está prevista a abertura do MGM Cotai, cuja operadora é
liderada por Pansy Ho, também filha de Stanley Ho. Antes, porém, a 'strip' deve
conhecer o "Wynn Palace", a 25 de março.
A
última operadora a instalar-se vai ser a Sociedade de Jogos de Macau (SJM),
fundada por Stanley Ho, com abertura prevista para 2017 do "Lisboa
Palace", o terceiro com a "marca Lisboa" no território, que vai
ter ainda um "Palazzo Versace", fruto de uma parceria com a famosa
casa de moda.
São
projetos em curso numa altura em que o Executivo de Macau realiza um estudo
sobre a revisão intercalar do setor do jogo, encomendado a uma instituição
académica, que deve estar concluído até final do ano.
A
revisão intercalar abrange oito aspetos, nomeadamente, o impacto do setor na
economia e na sociedade, a relação entre a componente jogo e extrajogo e o
cumprimento dos contratos por parte das operadoras, em particular, se têm
assumido a responsabilidade social.
Esta
revisão intercalar antecede a renovação das licenças de jogo entre 2020 e 2022.
DM
// MP/PJA
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