Díli,
31 out (Lusa) - Uma equipa técnica criada pelo Governo timorense recomenda que
o executivo amplie a sua participação na Timor Telecom comprando a participação
da Oi na operadora mais antiga de Timor-Leste, confirmaram à Lusa fontes do
executivo.
A
fonte explicou que essa foi a "única opção" apresentada pela equipa
técnica que apresentou na sexta-feira os trabalhos preliminares de um
"estudo de viabilidade" sobre a eventual compra, ou não, da
participação da Oi na Timor Telecom.
Esta
fonte explicou que a apresentação preliminar foi feita na tarde de sexta-feira
no Ministério das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações em Díli e que
o estudo será apresentado em novembro no Conselho de Ministros.
A
análise está a ser realizada por uma Equipa Técnica de Trabalho, liderada pelo
ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Gastão de Sousa, pelo
seu vice-ministro, Inácio Moreira, e pelo vice-ministro das Finanças, Hélder
Lopes.
Documentação
obtida pela Lusa confirma que o objetivo é "estudar e elaborar uma
apresentação", que terá que estar concluída até final de outubro, para
levar a Conselho de Ministros, sobre a "eventual possibilidade de aumento
da participação social do Estado como acionista da Timor Telecom.
Para
isso o Governo solicitou já informação detalhada à Timor Telecom em Díli para
avaliar exatamente as condições da empresa.
Em
causa está a maior fatia de capital da TT (54,01%), controlada pela sociedade
Telecomunicações Públicas de Timor (TPT) onde, por sua vez, a Oi controla 76%
do capital.
Os
restantes acionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o
Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau), que controla 18% e
pela Fundação Oriente (6%).
Na
TT o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%), a
empresa com sede em Macau VDT Operator Holdings (17,86%), o empresário
timorense Júlio Alfaro (4,49%) e a PT Participações SGPS (3,05%).
Caso
o Estado timorense avance na compra da participação da Oi alguns acionistas
privados ouvidos pela Lusa indicaram já que estudariam ampliar a sua
participação.
Fora
de Timor, a compra do antigo capital da PT na Timor Telecom, agora controlado
pela Oi - que o quer alienar - suscitou já interesse de pelo menos três
candidatos.
Além
do Fundo Soberano de Pensões das Fiji, que enviou delegados a Díli em fevereiro
para recolher informação sobre a TT (a candidatura mais forte), há pelo menos
dois outros candidatos, entre os quais a empresa WebSat Media, com sede em
Singapura.
Um
outro candidato, também com sede em Singapura, terá manifestado interesse no
negócio, desconhecendo-se para já se formalizou ou não uma oferta junto da Oi.
Estimativas
sugerem que em 2012, o "melhor ano" da operadora, a empresa (então
monopolista no mercado timorense) poderia valer entre 200 e 250 milhões de
euros - cálculo feito com base num rácio relativo ao EBITDA (resultados
operacionais reais antes de provisões, impostos e amortizações) desse ano, que
ascendeu a 41,6 milhões de dólares.
O
valor da empresa desceu significativamente nos últimos anos, em grande parte
devido à entrada de dois concorrentes no mercado, as empresas estatais
indonésia Telkomcel (da Telkom Indonesia) e a vietnamita Telemor (do grupo
Viettel).
O
EBITDA do ano passado foi de apenas 18,15 milhões de dólares pelo que as
estimativas, na atual conjuntura, apontam a um valor total da empresa de entre
55 e 60 milhões de dólares.
Neste
cenário a participação que a Oi pretende alienar rondaria os 25 a 30 milhões de
dólares.
Valores
que têm que ser considerados tendo em conta a dívida da empresa, que no final
de 2014 ascendia a 45,4 milhões de dólares, e o que tem a haver de clientes,
atualmente cerca de 9,8 milhões de dólares, dos quais a maior fatia corresponde
ao Estado que deve à empresa 8,7 milhões de dólares.
Só
esta dívida do Estado representa à empresa encargos financeiros anuais de cerca
de 700 mil dólares.
Apesar
disso a Timor Telecom continua a apresentar contas positivas, o lucro líquido
foi de 537 mil dólares em 2014, longe dos anos anteriores, inclusive em 2013
quando foi de 8,12 milhões, mas refletindo na totalidade o impacto da forte
concorrência no mercado.
Situação
que levou a uma forte contenção financeira que se evidenciou, por exemplo, na
redução de 14,3% nos gastos recorrentes, para 26,8 milhões de dólares.
ASP
// EL
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