Díli,
19 nov (Lusa) - Várias espécies de ratos gigantes, do tamanho de pequenos cães
e que pesavam entre 1,5 e 5 quilos, viveram em Timor-Leste e tornaram-se
extintos muito rapidamente há cerca de mil anos, segundo equipas de arqueólogos
australianos.
Este
é um dos estudos mais recentes conduzidos por arqueólogos que nos últimos anos,
depois da independência de Timor-Leste, puderam realizar investigações
alargadas no país, ajudando a datar alguns dos períodos históricos menos
conhecidos do país.
Julien
Louys, um dos elementos da equipa envolvida na investigação, explica que os
fósseis descobertos confirmam que se tratava de ratos gigantes, possivelmente
os maiores que já existiram e que, apesar de herbívoros poderiam ter assustado
os primeiros habitantes humanos da ilha.
"São
o que se pode chamar de megafauna. Os maiores seriam do tamanho de um pequeno
cão, podendo pesar cinco quilos. Muito mais do que os ratos maiores atuais que
pesam cerca de meio quilo", explicou.
Os
depósitos encontrados, com idades entre 46 mil e mil anos, "mostram sinais
nos ossos de que teriam sido mordidos", o que confirma que foram um
alimento das populações da ilha.
"Há
alguns restos que foram queimados o que sugere que foram cozinhados em fogos e
comidos", referiu Louys, que lidera um projeto que está a analisar as
movimentações humanas mais antigas no sudeste asiático.
Além
de documentar práticas alimentares dos primeiros habitantes de Timor, as descobertas
de ossos e de fósseis dos ratos na ilha apontam sinais sobre o impacto que as
alterações tecnológicas tiveram no habitat.
A
introdução de instrumentos de ferro ou outros metais, por exemplo, facilitou a
limpeza de zonas que, outrora, eram habitats naturais dos ratos.
"Tudo
indica que não foi a presença dos caçadores humanos com armas tradicionais que
levou à extinção destes ratos gigantes. Parece ter sido a desflorestação e
limpeza de terras", sugere.
Um
aspeto, relembra, que pode ajudar a perceber os impactos que práticas atuais de
limpeza de zonas florestais podem vir a ter nos ecossistemas de países da
região como a Papua Nova Guiné ou a Indonésia.
"Pode
ver-se aqui o efeito que limpeza de florestas tem na extinção de
espécies", disse.
As
causas exatas da extinção do ratos gigantes estão ainda a ser estudadas.
ASP
// EL
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