sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ratos gigantescos viveram em Timor-Leste há mil anos


Díli, 19 nov (Lusa) - Várias espécies de ratos gigantes, do tamanho de pequenos cães e que pesavam entre 1,5 e 5 quilos, viveram em Timor-Leste e tornaram-se extintos muito rapidamente há cerca de mil anos, segundo equipas de arqueólogos australianos.

Este é um dos estudos mais recentes conduzidos por arqueólogos que nos últimos anos, depois da independência de Timor-Leste, puderam realizar investigações alargadas no país, ajudando a datar alguns dos períodos históricos menos conhecidos do país.

Julien Louys, um dos elementos da equipa envolvida na investigação, explica que os fósseis descobertos confirmam que se tratava de ratos gigantes, possivelmente os maiores que já existiram e que, apesar de herbívoros poderiam ter assustado os primeiros habitantes humanos da ilha.

"São o que se pode chamar de megafauna. Os maiores seriam do tamanho de um pequeno cão, podendo pesar cinco quilos. Muito mais do que os ratos maiores atuais que pesam cerca de meio quilo", explicou.

Os depósitos encontrados, com idades entre 46 mil e mil anos, "mostram sinais nos ossos de que teriam sido mordidos", o que confirma que foram um alimento das populações da ilha.

"Há alguns restos que foram queimados o que sugere que foram cozinhados em fogos e comidos", referiu Louys, que lidera um projeto que está a analisar as movimentações humanas mais antigas no sudeste asiático.

Além de documentar práticas alimentares dos primeiros habitantes de Timor, as descobertas de ossos e de fósseis dos ratos na ilha apontam sinais sobre o impacto que as alterações tecnológicas tiveram no habitat.

A introdução de instrumentos de ferro ou outros metais, por exemplo, facilitou a limpeza de zonas que, outrora, eram habitats naturais dos ratos.

"Tudo indica que não foi a presença dos caçadores humanos com armas tradicionais que levou à extinção destes ratos gigantes. Parece ter sido a desflorestação e limpeza de terras", sugere.

Um aspeto, relembra, que pode ajudar a perceber os impactos que práticas atuais de limpeza de zonas florestais podem vir a ter nos ecossistemas de países da região como a Papua Nova Guiné ou a Indonésia.

"Pode ver-se aqui o efeito que limpeza de florestas tem na extinção de espécies", disse.
As causas exatas da extinção do ratos gigantes estão ainda a ser estudadas.
ASP // EL

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