Macau,
China, 04 jan (Lusa) -- Os cem anos da revista literária Orpheu -- que revelou
grandes escritores do modernismo em Portugal --, estão a ser assinalados em
Macau com o lançamento de uma edição única da Órphão, uma publicação do
jornalista e editor Carlos Morais José.
A
Órphão -- Revista de Literatura, Artes e Ideias "surgiu para comemorar os
100 anos da Orpheu", disse à agência Lusa Carlos Morais José.
O
lançamento oficial vai ser realizado em Macau, em janeiro, em data a anunciar,
adiantou o também diretor do jornal em língua portuguesa Hoje Macau e
responsável da editora Livros do Meio.
"O
nome 'Órphão' está relacionado homofonicamente, mas apenas isso. Não se trata
de um herói mitológico, ligado à música e à poesia, mas de um estado
contemporâneo. Só assim poderia ter algum interesse", explicou.
"Não
se tentou, de modo nenhum, repetir o que foi feito há 100 anos, mas repetir o
gesto de acordo com o que interpretamos do 'zeitgeist' atual. E, nesse sentido,
entendo que existe um profundo sentimento de orfandade, como refere o manifesto
que abre a revista. Em 1915, a conversa era outra e o silêncio também",
acrescentou.
Carlos
Morais José disse que assinalar os cem anos da Orpheu "é um pretexto para
um ato criativo".
"É
uma homenagem a alguns dos nossos maiores [nomes da literatura] ",
afirmou.
O
autor justifica a publicação da revista em Macau por ser o local onde reside:
"É onde eu estou. Se estivesse em Timor, seria lá publicada. Mas, pelo
facto de o ser em Macau, também não deixa de a tornar especial. Em quê? Não
digo".
Com
127 páginas, a Órphão -- Revista de Literatura, Artes e Ideias reúne poesia,
teatro, ficção, ensaio e crítica, da autoria de residentes de Macau, segundo
Carlos Morais José, que também assina alguns textos.
A
Órphão está disponível em papel e em formato digital -- no 'site' do Hoje
Macau, desde 20 de dezembro.
A
revista Orpheu foi uma publicação de vanguarda em Portugal que reuniu criadores
como Fernando Pessoa (1888-1935), Mário de Sá Carneiro (1890-1916), Santa-Rita
Pintor (1889-1919) e Almada Negreiros (1893-1970), que a definiu como "uma
bofetada no gosto público".
FV
(AG) // PJA
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