segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Líder de Hong Kong "muito preocupado" com desaparecimento de livreiros


Hong Kong, China, 04 jan (Lusa) -- O chefe do executivo de Hong Kong afirmou hoje estar "muito preocupado" com o desaparecimento de cinco livreiros conhecidos por publicações críticas de Pequim, após um proeminente advogado ter acusado as autoridades chinesas de os ter raptado.

Segundo a fonte, todos trabalhavam para a mesma livraria e casa editora, com sede em Hong Kong, receando-se que tenham sido ilegalmente detidos pelas autoridades da China, agravando a crescente preocupação relativa à erosão das liberdades da Região Administrativa Especial.

"Eu e os departamentos governamentais relacionados estamos muito preocupados", afirmou CY Leung, aos jornalistas.

Ao abrigo da Lei Básica -- a miniconstituição -- Hong Kong goza de um determinado grau de autonomia e de liberdades, incluindo de expressão e de imprensa, e as autoridades da China não têm o direito de operar na cidade, sendo que, a confirmar-se a suspeita entretanto generalizada, tal constituiria uma violação do princípio "Um País, dois sistemas".

"O Governo preocupa-se muito com os direitos e a segurança dos residentes de Hong Kong", realçou, acrescentando que as liberdades de imprensa, publicação e expressão estão protegidas por lei.

O veterano deputado do Partido Democrático de Hong Kong e também advogado Albert Ho afirmou, este domingo, acreditar que os livreiros foram raptados por agentes de segurança da China.

Questionado sobre essa possibilidade, CY Leung afirmou não haver indicações e apelou a quem disponha de qualquer informação para a revelar.

Desconhece-se onde se encontram os livreiros ou de que forma desapareceram.

CY Leung é visto como próximo de Pequim e é uma figura altamente contestada pelos ativistas pró-democracia que neste caso em particular o criticam por não ir longe o suficiente na hora de pressionar as autoridades chinesas em busca de informação.

"O Governo de Hong Kong e Leung Chun-ying devem manifestar a preocupação de Hong Kong ao mais alto nível da China, em vez de estar à espera de uma resposta", disse o deputado pró-democrata Lee Cheuk-yan.

O secretário para a Segurança em exercício John Lee disse no domingo que a polícia de Hong Kong questionou a entidade homóloga chinesa e que estavam à espera de uma resposta, segundo os 'media' locais.

Outros deputados, incluindo a antiga chefe da Segurança e pró-Pequim Regina Ip, têm instado o Governo da antiga colónia britânica a investigar.

Os cinco homens trabalhavam para a empresa Mighty Current, que, segundo rumores, estaria prestes a lançar um livro sobre uma antiga namorada do Presidente chinês, Xi Jinping.

Trata-se da proprietária da livraria Causeway Books -- onde se podem encontrar obras críticas do regime e do Partido Comunista chinês e, portanto, popular entre muitos turistas provenientes da China, dado que lhes veem vedado o acesso a este tipo de leituras.

O último livreiro a ser dado como desaparecido foi Lee Bo, de 65 anos, visto pela última vez em Hong Kong na passada quarta-feira.

A mulher de Lee Bo afirmou que o marido lhe telefonou a partir da cidade vizinha de Shenzhen na noite em que desapareceu, tendo-lhe dito que "estava a colaborar com a investigação" relativa aos colegas desaparecidos, e achou estranho que tenha falado em mandarim em vez de cantonês (falado em Hong Kong), tendo reportado o seu desaparecimento à polícia na sexta-feira.

A polícia da antiga colónia britânica está a investigar o desaparecimento de Lee e de outros três colegas que também se acredita que desapareceram na cidade vizinha de Shenzhen.

Um quinto, de passaporte sueco, foi dado como desaparecido em outubro, durante as férias na Tailândia.

Antiga colónia britânica, Hong Kong foi devolvida à República Popular da China em 1997, sob a fórmula "um país, dois sistemas", que promete manter os sistemas sociais e económicos da cidade durante 50 anos, detendo o estatuto de Região Administrativa Especial.

Macau, cuja transferência do exercício de soberania de Portugal para a China teve lugar dois anos depois, em 1999, detém o mesmo estatuto de Região Administrativa Especial.

DM // ARA

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