Macau,
China, 03 mar (Lusa) -- A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau
(AIPIM) decidiu hoje estudar a liberdade de imprensa na região, na sequência de
duas moções apresentadas por jornalistas numa assembleia-geral.
A
primeira iniciativa consiste no lançamento de um inquérito aos sócios sobre a
liberdade de imprensa a realizar no espaço de um mês.
Será
também constituído um painel de cinco pessoas -- três jornalistas, um académico
e um observador com conhecimento da realidade em Macau -, que terá em conta
vários aspetos, incluindo o enquadramento jurídico e a análise dos dados do
inquérito, com o objetivo de elaborar um relatório para enviar a Bruxelas, para
a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ).
A
primeira moção foi proposta com base na ideia de que a AIPIM deve ter um papel
proativo e não limitar-se a contestar o relatório anual da FIJ após o
lançamento do mesmo.
Já
este ano, a AIPIM considerou o relatório sobre a liberdade de imprensa em
Macau, realizado pela FIJ, como "parcial e incompleto", repetindo uma
posição já emitida em relação a documentos anteriores.
"Não
conhecemos nenhuma situação em que claramente seja violada a liberdade de
imprensa em Macau", disse à agência Lusa o presidente da direção da AIPIM,
João Francisco Pinto.
"Há
problemas? Há. O acesso às fontes é fácil? Não, não é. Mas eu pergunto se em
qualquer outro sítio do mundo é. São problemas com os quais os jornalistas
lidam em qualquer parte do mundo", acrescentou.
A
AIPIM, que tem um pedido de admissão pendente na FIJ desde 2012, não se revê no
relatório produzido anualmente com base em informações recolhidas pelo
escritório da federação em Hong Kong, afirmando que os incidentes descritos não
se enquadram no âmbito da liberdade de imprensa.
No
último relatório estão em causa três incidentes ocorridos em 2015: o de um
jornalista barrado por um segurança quando estava a correr na entrada de um
hotel, o impedimento de filmagens na cobertura de um incêndio num dormitório da
Universidade de Macau e a apreensão pelas autoridades aduaneiras de um livro
lançado por um ativista e antigo presidente da Associação Novo Macau.
"Desafio
qualquer pessoa que corra num 'lobby' de um hotel que não seja parado por um
segurança, e no caso do incêndio trata-se de uma questão de proteção das
liberdades individuais porque as vítimas estavam em roupa interior. No caso dos
livros não é liberdade de imprensa, é liberdade de publicação", afirmou
João Francisco Pinto.
As
questões do inquérito sobre a liberdade de imprensa em Macau serão da
responsabilidade da direção da associação.
Não
foi definido um calendário para a apresentação do relatório.
FV
// VM
Sem comentários:
Enviar um comentário