Tianjin,
China, 27 jun (Lusa) -- A decisão dos britânicos de sair da União Europeia
aumentou as incertezas sobre a economia mundial, numa altura em que o
crescimento chinês desacelera, considerou hoje o primeiro-ministro chinês, Li
Keqiang, depois do fórum de verão de Davos.
As
supercapacidades industriais, a estagnação do investimento e o declínio da
procura na segunda economia mundial, foram temas abordados por Li Keqiang
depois da reunião, que teve lugar neste ano na cidade portuária de Tianjin --
norte da China.
O
voto britânico da semana passada já teve impacto nos mercados financeiros
internacionais e "trouxe ao mundo novas incertezas", segundo o
primeiro-ministro chinês.
Li
Keqiang disse que Pequim quer que a UE se mantenha unida e estável e espera um
Reino Unido "estável e próspero".
O
primeiro-ministro chinês reconheceu que "devido ao ambiente internacional
pesado e complicado e a problemas internos acumulados desde há muito tempo e
profundamente enraizados, as bases de uma economia chinesa estável não são
sólidas".
"As
pressões sobre a economia são relativamente fortes e as dificuldades não podem
ser subestimadas", segundo Li Keqiang.
Apesar
disto, o primeiro-ministro chinês empenhou-se em tranquilizar o público,
assegurando que o reconhecimento das dificuldades por parte de Pequim mostra a
sua determinação e as suas capacidades de superação.
A
economia chinesa, pilar do comércio mundial, não vai ter um "desembarque
violento", acrescentou.
O
"Davos de verão" de Tianjin - que reuniu 2.000 decisores económicos e
políticos de mais de 80 países - estava inicialmente centrado nas ciências e
nas tecnologias, mas o Brexit mudou o programa.
Um
debate, no domingo, sobre o referendo britânico fez com que vários
participantes ficassem em reflexão.
"Nós
não temos sido bons" nas ações para ajudar as pessoas comuns, avaliou
Adrian Monck, um dos dirigentes do fórum económico mundial.
"Não
há dúvida que as elites (...) viram o tecido social a desfazer-se nas economias
industrializadas e não fizeram nada", acrescentou Ian Bremmer, o
Presidente do centro de reflexão americana Eurasia Group.
O
voto britânico é então, disse ele, um "comportamento racional" de
pessoas que sentem que foram abandonadas pela globalização.
Mas
nem todos os participantes foram tão gentis em relação aos resultados do
referendo. Ian Bremmer disse mais tarde pelo Twitter: "Aqui está o que
acontece quando se deixa a população governar através do voto".
Nouriel
Roubini, economista reputado por ter previsto a crise financeira de 2008, disse
que o Brexit pode ser "o começo da desintegração da União Europeia",
mas que não espera uma crise financeira ou uma recessão mundial.
CZA/APN
// APN
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