Centenas
de budistas nacionalistas protestaram hoje na Birmânia contra Kofi Annan, que
inicia uma visita ao oeste do país, onde se vai focar no conflito religioso que
obrigou à fuga de dezenas de milhares de membros da minoria rohingya.
À
saída do aeroporto de Sittwe, capital do estado de Rakhine, os manifestantes
empunhavam cartazes com as frases "Não a uma comissão dirigida por
Kofi" e "Não à intervenção tendenciosa de estrangeiros nos assuntos
do estado Rakhine", dirigidos ao antigo secretário-geral da ONU.
"Não gostamos de interferências nos nossos assuntos internos", explicou à agência AFP o manifestante Ko Thein. Em agosto, o Governo birmanês anunciou a criação de uma comissão para abordar a violência sectária no estado Rakhine, presidida por Kofi Annan.
Rakhine acolhe a esmagadora maioria da comunidade rohingya -- minoria que vive na Birmânia (Myanmar) há séculos mas cujos membros não são reconhecidos como cidadãos birmaneses nem como imigrantes bengalis.
Aproximadamente 120 mil rohingya -- minoria apátrida que as Nações Unidas considera uma das mais perseguidas do planeta -- vivem confinados em 67 acampamentos e sofrem todo o tipo de restrições desde o surto de violência sectária em 2012 entre esta minoria muçulmana e a maioria budista da região, que causou pelo menos 160 vítimas mortais.
Kofi Annan, que se comprometeu a ser imparcial na sua abordagem ao conflito, vai encontrar-se com os líderes de Rakhine e visitar campos onde dezenas de milhares de rohingya vivem confinados, em extrema pobreza.
No entanto, o maior grupo político da região, o Arakan National Party, já rejeitou a possibilidade de se encontrar com o antigo secretário-geral da ONU.
A minoria vive em terríveis condições, incluindo fortes restrições de movimentos, levando a que dezenas de milhares fugissem, muitos através de uma perigosa travessia marítima para a Malásia.
"Queremos que ele venha", disse à AFP Hla Kyaw, um homem rohingya que vive no campo The Chaung IDP. "Se ele vier, vamos abordar os nossos problemas de cidadania e falar das nossas dificuldades nos campos para IDP [internally displaced persons]", onde ficam quatro anos, acrescentou.
Na semana passada, o atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, instou a Birmânia a atribuir cidadania ao grupo e a respeitar o seu direito em identificar-se como rohingya.
Os rohingya são um assunto sensível na política birmanesa, condicionada por grupos budistas radicais que levaram o anterior governo a adotar múltiplas medidas discriminatórias contra aquela minoria.
O ministério liderado por Aung San Suu Kyi, que é a líder de facto do governo birmanês, e a fundação de Annan vão assinar um memorando para estabelecer esta comissão de caráter consultivo que vai contar com nove membros.
Segundo o jornal The Global New Light of Myanamar, o organismo ficará responsável por elaborar, em 12 meses, um relatório com recomendações ao governo com vista a prevenir conflitos e promover a reconciliação naquele estado.
O documento deve abordar questões humanitárias, de desenvolvimento, garantias de direitos básicos e segurança, bem como aspetos jurídicos relativos a requerentes de asilo.
SAPO TL com Lusa
"Não gostamos de interferências nos nossos assuntos internos", explicou à agência AFP o manifestante Ko Thein. Em agosto, o Governo birmanês anunciou a criação de uma comissão para abordar a violência sectária no estado Rakhine, presidida por Kofi Annan.
Rakhine acolhe a esmagadora maioria da comunidade rohingya -- minoria que vive na Birmânia (Myanmar) há séculos mas cujos membros não são reconhecidos como cidadãos birmaneses nem como imigrantes bengalis.
Aproximadamente 120 mil rohingya -- minoria apátrida que as Nações Unidas considera uma das mais perseguidas do planeta -- vivem confinados em 67 acampamentos e sofrem todo o tipo de restrições desde o surto de violência sectária em 2012 entre esta minoria muçulmana e a maioria budista da região, que causou pelo menos 160 vítimas mortais.
Kofi Annan, que se comprometeu a ser imparcial na sua abordagem ao conflito, vai encontrar-se com os líderes de Rakhine e visitar campos onde dezenas de milhares de rohingya vivem confinados, em extrema pobreza.
No entanto, o maior grupo político da região, o Arakan National Party, já rejeitou a possibilidade de se encontrar com o antigo secretário-geral da ONU.
A minoria vive em terríveis condições, incluindo fortes restrições de movimentos, levando a que dezenas de milhares fugissem, muitos através de uma perigosa travessia marítima para a Malásia.
"Queremos que ele venha", disse à AFP Hla Kyaw, um homem rohingya que vive no campo The Chaung IDP. "Se ele vier, vamos abordar os nossos problemas de cidadania e falar das nossas dificuldades nos campos para IDP [internally displaced persons]", onde ficam quatro anos, acrescentou.
Na semana passada, o atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, instou a Birmânia a atribuir cidadania ao grupo e a respeitar o seu direito em identificar-se como rohingya.
Os rohingya são um assunto sensível na política birmanesa, condicionada por grupos budistas radicais que levaram o anterior governo a adotar múltiplas medidas discriminatórias contra aquela minoria.
O ministério liderado por Aung San Suu Kyi, que é a líder de facto do governo birmanês, e a fundação de Annan vão assinar um memorando para estabelecer esta comissão de caráter consultivo que vai contar com nove membros.
Segundo o jornal The Global New Light of Myanamar, o organismo ficará responsável por elaborar, em 12 meses, um relatório com recomendações ao governo com vista a prevenir conflitos e promover a reconciliação naquele estado.
O documento deve abordar questões humanitárias, de desenvolvimento, garantias de direitos básicos e segurança, bem como aspetos jurídicos relativos a requerentes de asilo.
SAPO TL com Lusa
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