Díli,
07 out (Lusa) - O presidente da Fretilin, segunda força política timorense,
disse hoje que o maior desafio do partido é preparar-se e fortalecer-se para as
eleições presidenciais e legislativas de 2017, assumindo-se como
"alternativa política" no país.
"Nós
estamos assim preparados para o combate político, para ganhar as próximas
eleições e governar Timor-Leste correspondendo aos anseios das
populações", disse Francisco Guterres (Lu-Olo).
"Devemos
continuar a ser um partido sério, um partido de trabalho, um partido que não
foge às suas responsabilidades, um partido que tem força para realizar aquilo
que recebe como orientações, como desejos expressos pela vontade de todos os
cidadãos timorenses", disse.
Lu-Olo
falava na abertura em Díli do IV Congresso Nacional da Fretilin que reúne até
domingo no Centro de Convenções de Díli 1.135 delegados de todo o país sob o
tema "vencer para libertar".
A
reunião magna da Fretilin ocorre cinco anos depois do último congresso e após a
reeleição do presidente e do secretário-geral do partido timorense Fretilin,
Lu-Olo e Mari Alkatiri, com uma ampla maioria de apoio (97,13%) numa votação
direta sem precedentes em que participaram quase 200 mil pessoas.
A
reunião ocorre quando em Timor-Leste já se acentuam os debates políticos a
pensar nas eleições presidenciais e legislativas de 2017, em que Lu-Olo deverá
ser candidato presidencial e a Fretilin se mostra confiante na vitória.
Lu-Olo
recordou que no ano do seu 42º aniversário a Fretilin continua a trabalhar com
os mesmos princípios com os quais nasceu, "lutar e defender os interesses
do povo maubere e o direito a ser ele próprio, salvaguardando a unidade e o
interesse nacional".
Mais
do que olhar para trás, disse, é essencial ao partido "inovar nos caminhos
e buscar sempre novas soluções", contribuindo para uma sociedade baseada
nos valores universais mas aberta "à diversidade das pessoas e das
culturas, à iniciativa de cada um e à inovação que dinamiza os vários setores
da vida coletiva".
A
Fretilin, disse, deve "agregar novas ferramentas e novos valores" à
sua ação, trabalhando com "sinceridade" na execução dos programas
quer governamentais quer partidários, mantendo-se como força "mobilizadora
e formadora da consciência política" timorense.
Considerando
a democracia um processo "dinâmico", Lu-Olo disse que para o
desenvolvimento e coesão social "é fundamental ir além da democracia
política", apostando na "democratização económica, social e
cultural" da população timorense.
Daí
que o congresso, que decorre este fim de semana, seja uma oportunidade quer de
consolidar o partido quer de consolidar as suas estratégias a pensar no futuro
desenvolvimento de Timor-Leste, explicou.
Lu-Olo
referiu-se ainda à situação 'sui generis' de alguns membros da Fretilin terem
sido convidados "a título individual" para integrar o VI Governo
Constitucional, incluindo para o cargo de primeiro-ministro.
Afirmando
que "o interesse nacional deve sobrepor-se ao interesse partidário",
Lu-Olo rejeitou que isso signifique o fim da oposição pública e que a Fretilin
tem preferido, em vez do "bota abaixo" uma postura em prol da unidade
nacional e do diálogo com os partidos do Governo nos temas mais importantes do
país.
"Todos
os Partidos, incluindo a FRETILIN, deverão trabalhar em concomitância para
defender os interesses superiores do país e da nação quer a nível interno, quer
a nível externo" afirmou.
Sublinhou
ainda a importância quer da militância - "como imperativo político, cívico
e social", como base do partido e como voz da Fretilin em todo o território
nacional - quer dos quadros técnicos, intelectuais, mulheres, veteranos e da
juventude.
"Cabe-nos,
também, melhorar o diálogo entre as gerações e criar pontes para uma transição,
baseada na qualidade, no bom senso, no empenho e no mérito. Temos de cuidar dos
jovens, para garantir que estes cuidem bem do país, no futuro", disse.
Para
o líder do segundo partido timorense é necessário trabalhar "para edificar
um Estado democrático e de direito forte, moderno, coordenador e regulador da
vida económica e social" e "promover o desenvolvimento sustentável,
assegurando a inclusão económica e social, a estabilidade macroeconómica e a
diversificação da economia nacional, reduzindo as desigualdades".
ASP
// JPS
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