Genebra,
07 dez (Lusa) - A queda do preço do petróleo poderá impedir Timor-Leste de sair
do grupo dos países menos desenvolvidos, algo que parecia passível de acontecer
já em 2021, admite hoje a Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento
(CNUCED).
Em
comunicado, a agência das Nações Unidas recorda que a utilização do petróleo de
Timor-Leste em benefício dos 1,2 milhões de timorenses permitiu reduzir as
taxas de mortalidade infantil, aumentar os níveis de literacia e elevar o
rendimento per capita de 810 dólares em 2002 para 3,940 dólares em 2012.
O
país parecia elegível para se graduar do grupo dos países menos desenvolvidos
(PMD), uma designação das Nações Unidas - até ao final de 2021.
No
entanto, com os preços do petróleo a cair, o rendimento per capita do país,
muito dependente do petróleo, diminuiu para metade, 1.920 dólares, em 2015, o
que põe em causa a graduação.
"O
colapso dos preços do petróleo tem sido doloroso para Timor-Leste e para muitos
outros países dependentes das 'commodities', e agora ameaça a graduação de
Timor-Leste do estatuto de PMD", disse o vice-secretário-geral da CNUCED,
Joakim Reiter, citado no comunicado da organização.
O
responsável alerta, no entanto, que "a graduação não deve ser um fim em si
mesmo e Timor-Leste deve garantir a diversificação económica necessária
enquanto aproveita, por mais algum tempo, os privilégios de ser um PMD".
Como
um dos PMD, Timor-Leste tem acesso preferencial a mercados importantes, pelo
que uma eventual graduação significaria o reconhecimento do bom desempenho da
sua economia, mas representaria também a perda desses benefícios.
"O
orgulho de subir do nível de PMD é uma coisa, mas manter o mais possível o
tratamento enquanto PMD é ainda mais importante para nós, como país vulnerável
com uma agenda de progresso ambiciosa", disse por seu lado o ministro dos
Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Hernani Coelho, citado pela CNUCED.
Nos
mais de 40 anos de existência da categoria PMD, apenas quatro países
conseguiram graduar-se do grupo e os restantes 48 mantêm-se.
A
graduação requer que o país exceda os níveis em pelo menos dois dos três
critérios - rendimento per capita, capital humano e vulnerabilidade económica -
em duas revisões da ONU, com três anos de diferença.
Ao
abrigo da exceção "apenas rendimento", um país pode graduar-se se o
seu rendimento per capita for pelo menos o dobro do limiar da graduação,
atualmente em 1.242 dólares.
FPA
// PJA
Sem comentários:
Enviar um comentário