Moçambique
e Angola estão entre os oito países com mais mortes por malária no mundo,
representando juntos 7% do peso global da doença, revela hoje o relatório anual
da Organização Mundial de Saúde sobre o paludismo.
Publicado
anualmente pela OMS, o relatório de 2016 conclui que a taxa de mortalidade por
malária caiu quase 30% desde 2010, mas em 2015 ainda morreram no mundo 429 mil
pessoas devido à doença.
Segundo
o relatório, cerca de 75% das mortes por malária em 2015 concentraram-se em 13
países, a maioria na África Subsaariana.
O
país com maior peso nas mortes por malária é a Nigéria, que reúne 26% do total
de mortes, seguido da República Democrática do Congo, com 10%.
A
Índia, com 6%, o Mali com 5%, a Tanzânia e Moçambique com 4% cada, o Burquina
Faso, Angola, Costa do Marfim, Gana, Uganda e Quénia (3% cada), e o Níger, são
os restantes 11 países.
Os
autores do relatório estimam que Moçambique tenha registado 8,3 milhões de
novos casos em 2015 e que 15 mil pessoas tenham morrido naquele ano devido à
malária.
Em
2010, o número estimado de novos casos no país era de 9,3 milhões e o total de
mortos era de 18 mil.
A
redução do número de casos e mortes face a 2010 poderá dever-se ao facto de
mais de 60% da população moçambicana dormir hoje coberta por redes mosquiteiras
tratadas com inseticida e mais de 10% protegida por vaporização residual, as
duas formas mais primárias de controlo da transmissão da malária.
Em
Angola, a OMS estima que tenham surgido 3,1 milhões de novos casos em 2015,
contra 2,4 em 2010; e que no ano passado tenham morrido 14 mil pessoas devido à
doença, número semelhante ao de 2010.
Segundo
o relatório, quase 40% das pessoas em risco no país dormem protegidas por redes
mosquiteiras.
Entre
os países lusófonos, Cabo Verde e Timor-Leste destacam-se pela positiva, sendo
dos que têm menos casos e mortes por malária: Cabo Verde terá tido menos de 50
casos e menos de 10 mortos em 2015 (contra 140 mortos e menos de 10 mortos em
2010), enquanto Timor-Leste terá registado 120 casos e menos de 10 mortos em
2015 (contra 110 mil casos e 220 mortos em 2010).
Cabo
Verde é ainda destacado como um dos três países do mundo (juntamente com a
Zâmbia e o Zimbabué) onde mais de 80% da população em risco dorme protegida por
redes mosquiteiras ou vaporização residual.
Já
em abril deste ano, a OMS incluía Cabo Verde e Timor-Leste num lote de 21
países em condições de eliminar o paludismo nos próximos cinco anos.
Nessa
ocasião, a agência das Nações Unidas para a saúde, sediada em Genebra,
referia-se também a São Tomé e Príncipe.
Os
autores escreviam que se esperava que o país eliminasse a malária até 2025, mas
admitiam que, com o financiamento adequado e vontade política, essa meta
poderia ainda ser alcançada até 2020.
Hoje,
o Relatório sobre a Malária 2016 estima que o arquipélago lusófono tenha
registado 3.400 casos e menos de 100 mortos em 2015, contra 4.900 casos e menos
de 100 mortos em 2010.
Na
Guiné Equatorial, país que em 2014 aderiu à Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), o número estimado de novos casos subiu de 150 mil, em 2010,
para 180 mil, em 2015, enquanto o total estimado de mortos se manteve nos 340.
Já
quanto à Guiné-Bissau, os autores do relatório estimam que o número de novos
casos tenha caído (de 170 mil para 160 mil), mas que o número de mortos tenha
aumentado (de 670 para 680 nos últimos 10 anos).
No
Brasil, estima o relatório, a quantidade de novos casos caiu de 440 mil para
180 mil entre 2010 e 2015, enquanto o número de mortos diminuiu de 98 para
menos de 50 no mesmo período.
Ao
contrário dos países africanos, onde a malária é maioritariamente provocada
pelo parasita mais mortífero (Plasmodium falciparum), no Brasil, mais de 80%
dos casos são causados pelo Plasmodium vivax, que provoca uma versão mais suave
da doença.
SAPO
TL com Lusa
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