sexta-feira, 16 de junho de 2017

Desafios e exigências aos Partidos Políticos na campanha eleitoral

Roger Rafael Soares* | opinião

Iniciado o período da campanha eleitoral para as eleições legislativas fixadas para o dia 22 de julho, os partidos políticos começam já a medir forças pela aquisição e exercício do poder, sendo que já se registaram alguns incidentes relativos à disputa interna no seio de um partido político em volta da lista de deputados entre uma figura conhecida da sociedade civil e um militante quadro, um ato a meu ver um quanto individualista e nada compatível com o interesse nacional.

Efetivamente, é no período de campanha eleitoral que os partidos políticos assumem grande visibilidade pública, pela qual os líderes políticos expõem e divulgam os seus programas eleitorais com vista à mobilização e conquista do eleitorado. Mais do que falar muito, é importante disputar com conteúdo, com substância e coerência, para aqueles partidos políticos que se querem apresentar como alternativa ao VI Governo. A afirmação do Presidente do mais recente Partido – PLP –, ao envolver o nome de Xanana Gusmão, foi uma afirmação, a meu ver, infeliz e sem cabimento, que acabou por antever, num primeiro momento, falta de capacidade política e argumentativa, assentando em propaganda falsa, para quem se quer apresentar como alternativa à governação atual.

O Partido Político é um meio pelo qual se deve priorizar o interesse nacional e não um fim para se exercer cargos públicos. Pois ainda não percebo como uma pessoa de um Partido que está no parlamento a exercer o cargo de deputado, com assento parlamentar daquele partido, mas simultaneamente é coordenador ou colaborador de um outro novo Partido.
 
Os eleitores são os que determinam o resultado eleitoral e como tal devem ter em consideração que até à data, Timor-Leste tem trilhado um caminho favorável ao processo de construção do Estado, o qual tem contribuído para o desenvolvimento do país e para a melhoria das condições de vida do povo. Este caminho é resultado de governações norteadas por um projeto de cariz nacional ao serviço da Nação e do Estado, no sentido de defesa e promoção do interesse nacional, materializado por ações de bem comum que a todos dizem respeito, e como tal foram desenvolvidas políticas voltadas para o bem comum de todos os timorenses. Mas lá está, o processo de desenvolvimento é uma obra inacabada, é um trabalho que não tem fim, pois o objetivo é progredir sempre, pois o desenvolvimento é isso mesmo. Os desafios ainda persistem. É necessário continuar a desenvolver mais e melhor, é querer mais e melhor para todos, a isto se designa de interesse nacional, independentemente da filiação partidária – “Tau interesse nacional ás liu interesse partidu nian” (Xanana Gusmão). Aliás se olharmos para trás, nomeadamente desde 2007, hoje o panorama político e social é bem mais estável e promissor ao desenvolvimento de Timor e dos timorenses, basta olharmos para os indicadores de desenvolvimento social e económico do país. Os progressos alcançados ao nível da saúde, da segurança e estabilidade, bem como ao nível da melhoria das infraestruturas e das condições de vida dos timorenses são resultado da ação governativa desde 2007, com agendas e programas políticos ao serviço da Nação e do Povo, com vista à resolução dos problemas que Timor enfrentava naquela altura.  Senão vejamos. O investimento desenvolvido, quer no sistema nacional de saúde que está a contribuir para a melhoria do estado de saúde da população, quer no desenvolvimento da formação dos timorenses nomeadamente através da concessão de bolsas de estudo no estrangeiro. A concessão de subsídios aos idosos, veteranos e crianças, bem como o investimento em infraestruturas e acesso a eletricidade por todo o país. Além do mais, o Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional constitui um instrumento de visão de futuro promissor, nele estão refletidas as aspirações do povo, e o seu surgimento espelha a visão estratégica de um líder que conhece qual o caminho e para onde devemos ir.

Assumir a liderança de um partido político é ter visão e capacidade estratégica em definir instrumentos de ação política, com vista a dar respostas políticas aos desafios, interesses e exigências populares, ao invés de usar propaganda falsa como meio para atingir o fim - assumir a governação à forca.

Dada a conjuntura atual na qual Timor-Leste se encontra, precisamos de uma liderança com pulso, com visão, determinação e sentido de comprometimento e de Estado, quer no plano interno, quer no plano externo, a par do empenho, trabalho e esforço de todos os servidores do Estado em executar o programa governativo.

*Rojer Rafael T. Soares | Ailili, Manatuto | rrtsoares@hotmail.com

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