Díli,
16 jun (Lusa) - Uma crescente fatia da população timorense não está associada a
qualquer partido político e quase metade ainda não sabe em quem votará nas
legislativas de 22 de julho, sendo a Fretilin o partido mais apoiado, segundo
uma sondagem.
A
sondagem, cedida à Lusa pelo International Republican Institute (IRI), indica
que 28% dos inquiridos votaria na Frente Revolucionária de Timor-Leste
Independente (Fretilin), à frente do Congresso Nacional de Reconstrução
Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão.
Em
terceiro surge o Partido Democrático (PD) que tem apoio de 5% dos inquiridos,
com 2% a dizerem que apoiam o Partido de Libertação Popular (PLP), liderado
pelo ex-Presidente Taur Matan Ruak.
A
poucos dias do arranque da campanha (começa a 20 de junho), 46% da população
diz que ainda está indecisa sobre em quem votar, valor próximo dos 43% que
dizem não estarem associados a qualquer partido político.
Dimitar
Stojkov, diretor do IRI, disse à Lusa ter ficado surpreendido como o elevado
número de indecisos, em especial no rescaldo das recentes eleições
presidenciais e porque representa um valor três vezes maior do que o registado
em novembro do ano passado.
A
região com mais indecisos é Aileu (74%) - foi a região com participação mais
elevada nas presidenciais - seguindo-se Manufahi e Covalima (ambos com 67%), e
a com menos foi Liquiçá (33%), o município onde o Presidente Francisco Guterres
Lu-Olo (apoiado pela Fretilin e CNRT) teve pior resultado.
Questionados
sobre quem mais apoiam entre os líderes nacionais, os indecisos referiram
maioritariamente Xanana Gusmão, que continua a ser o mais apoiado (67%), à
frente de Lu-Olo (10%), José Ramos-Horta (5%) e Taur Matan Ruak (3%).
Mais
de 70% dos inquiridos admite que não consideraria votar noutro partido.
A
sondagem mostra que a Fretilin é o partido mais ativo no terreno, sendo ações
partidárias suas reconhecidas por 65% dos inquiridos, bastante à frente do CNRT
(12%), do PD (7%) e do Khunto (2%).
Os
inquiridos destacam as políticas dos partidos (43%), o seu significado
histórico (18%) e o facto de se terem sacrificado pelo país (15%) como
principais fatores para oa apoiarem.
Noutro
âmbito, uma ampla maioria (68%) considera "muito importante" que haja
uma oposição forte no Parlamento Nacional - aparentemente questionando assim o
modelo de quase consenso que tem marcado os últimos anos.
No
que se refere à transição geracional - um dos temas mais debatidos no palco político
em Timor-Leste - a maioria diz que apoia muito (31%) ou apoia em parte (24%) a
ideia de que está na altura dos mais velhos cederem a liderança do país.
Ainda
assim, só 39% considera que os jovens são capazes de ser líderes de partidos
políticos, sendo que os que apoiam essa mudança destacam a capacidade para
liderar o país e novas ideias como as principais vantagens dos mais jovens.
Mais
de 76% não consegue identificar o líder jovem que considera mais favorável,
sendo que o que merece nota mais positiva é Mariano Sabino (presidente do PD),
destacado por 8% dos inquiridos.
A
sondagem refere que, apesar dos esforços do Governo e das autoridades
eleitorais, STAE e CNE, a maioria dos timorenses precisavam de mais informação
sobre aspetos como o recenseamento e o voto nas presidenciais de 20 de março.
A
televisão foi apontada como a principal fonte de informação (59%) sobre as
eleições, à frente de diálogos pessoais (13%) e da rádio (11%)
No
que toca aos conteúdos políticos, a televisão foi a principal forma de contacto
dos candidatos (31%) à frente de encontros cara a cara com os políticos (27%),
sendo que 70% disse ter recebido muita (34%) ou suficiente (36%) informação.
A
sondagem mostra que ampla maioria (88%) acha que a eleição foi justa e livre e
revela que apesar da preocupação com eventual violência (68%) quase todos (96%)
dizem não ter havido qualquer ato violento.
A
maioria (53%) volta a mostrar "muita preocupação" sobre a
possibilidade de violência em torno ao próximo ato eleitoral mas 90% diz-se livre
para expressar a sua opinião política.
Mais
de metade da população (52%) teve que se deslocar para poder votar - o voto tem
que ser exercido no local onde foi feito o recenseamento - o que mostra o
impacto que a jornada da votação tem no país.
A
sondagem foi realizada por equipas da Insight supervisionadas pela Chariot
Associates e o Center for Insights in Survey Research e o International
Republican Institute entre os dias 17 de abril e 14 de maio.
As
equipas ouviram 1.200 pessoas em entrevistas pessoais conduzidas nos 13
municípios de Timor-Leste recorrendo a um processo estratificado, sendo a
confiança de 95% e a margem de erro de mais ou menos 2,8%.
ASP//ISG
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