Díli,
11 out (Lusa) - O secretário-geral adjunto da Fretilin, partido timorense mais
votado, disse hoje que o PLP, terceira força política, exigia que o líder da
sua bancada, Fidelis Magalhães, fosse presidente do Parlamento Nacional a troco
de integrar a coligação de Governo.
A
Fretilin, explicou José Reis, disse que o partido aceitaria esse cenário se o
cargo fosse ocupado pelo presidente do Partido Libertação Popular (PLP), Taur
Matan Ruak, já que uma consulta aos deputados deu como "praticamente
impossível" que a candidatura de Fidelis Magalhães - em estreia no
parlamento - tivesse êxito.
Os
contornos das negociações regressaram ao debate político em Timor-Leste depois
da oposição maioritária no Parlamento ter indicado que poderia chumbar na
próxima semana o Programa do Governo, o que faria cair o executivo liderado
pela Fretilin.
A
coligação do Governo pode igualmente ser confrontada com um desafio à
presidência da mesa do parlamento nacional, exercida por Aniceto Guterres, que
pode ser substituído por um deputado do CNRT ou do PLP.
O
dirigente da Fretilin recordou a cronologia da negociação da Fretilin com os
restantes quatro partidos com assento parlamentar, depois das eleições e
fazendo cumprir o "compromisso de que com ou sem maioria" ter um
Governo de inclusão.
As
primeiras reuniões com o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT),
Partido Libertação Popular (PLP), Partido Democrático (PD) e Kmanek Haburas
Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) decorreram entre 09 e 12 de agosto.
A
18 de agosto decorre a primeira reunião técnica detalhada com o PLP "para
analisar o documento de base de coligação, com os princípios da coligação"
tendo, segundo José Reis, o partido de Taur Matan Ruak considerado que a
Fretilin estava a fazer "declarações mistas" sobre a modalidade de Governo:
coligação, inclusão ou incidência.
Nessa
reunião, garante José Reis, o líder da delegação do PLP, Fidelis Magalhães,
disse que se a Fretilin ocupasse o cargo de primeiro-ministro ele próprio
deveria ser o presidente do Parlamento.
"A
Fretilin analisou o assunto e determinou que se o irmão Taur Matan Ruak
avançasse como presidente do Parlamento Nacional teria o apoio total da
Fretilin. Sem reservas. Conhecemos Taur Matan Ruak e não tínhamos qualquer
dúvida da sua liderança da mesa do parlamento", afirmou José Reis.
Mari
Alkatiri visitou Taur Matan Ruak na casa deste onde foi informado de que o
líder do PLP não estaria nem no Governo nem no Parlamento Nacional tendo uma
"consulta alargada aos deputados" indicado que "se avançasse a
candidatura de Fidelis Magalhães, seria chumbada na votação".
"O
secretário-geral informou Taur Matan Ruak de que se avançasse Fidelis a
candidatura chumbava. Era um risco grande. A questão da mesa do parlamento
tornou-se então a questão dominante, nada mais. Fidelis manteve posição firme
de que tinha que ser presidente do parlamento nacional", afirmou.
Sobre
a outra rotura nas negociações, com o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan
(KHUNTO), José reis disse que o partido "apresentou demasiadas exigências,
mudando constantemente os seus argumentos".
O
KHUNTO exigiu, nomeadamente, mais lugares do que os que lhe correspondiam,
proporcionalidade, na coligação, disse.
A
solução acabou por ser a de um Governo minoritário apoiado pela Fretilin e o
PD, que entre si somam 30 lugares entre os 65 do Parlamento Nacional.
A
conferência de imprensa da Fretilin foi convocada horas depois de Taur Matan
Ruak, presidente do Partido Libertação Popular (PLP) ter culpado o partido mais
votado pela rotura nas negociações para a formação de uma coligação de Governo.
Matan
Ruak destacou como maiores diferenças a falta de clareza sobre a modalidade de
governação e a excessiva concentração de poderes, nomeadamente um Presidente da
República, um primeiro-ministro e um presidente do Parlamento Nacional da
Fretilin.
ASP
// VM
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