Militantes da oposição na Guiné
Equatorial denunciaram hoje que continuam confinados na sede do partido, nos
arredores da capital, Malabo, e cercados pelas forças de segurança oficiais,
noticiou a agência espanhola Efe.
O líder do partido Cidadãos para
a Inovação (CI), Nsé Obiang Obono, disse à Efe, por telefone, que está iminente
a detenção das cinco dezenas de militantes confinados no edifício, entre os
quais uma menor de idade, e pediu a intervenção das Nações Unidas.
"É o nono dia de assédio.
Esta manhã, alguns militantes do partido tentaram trazer-nos comida e água e
foram detidos pelas forças de segurança", contou.
"Em resultado de uma
possível visita de um representante das Nações Unidas, o regime levou os
militantes do partido que deteve para prisões desconhecidas", relatou.
A agência Lusa tentou falar com
Gabriel Obono, mas não conseguiu estabelecer contacto.
"Se nos levarem, é a
morte", alertou María Jesús Mené Bobapé, mulher de Obono, também em
declarações à Efe, a partir da sede do partido, uma vivenda com muros altos
localizada numa zona degradada na periferia da capital, à qual se pode aceder
apenas por uma rua, agora cortada pelos militares.
De acordo com o único partido
político da oposição com representação parlamentar na Guiné Equatorial, as
Nações Unidas deverão enviar um representante ao país, na próxima semana -- mas
esta informação não foi ainda confirmada por fontes da organização.
Os CI pediram às Nações Unidas
que, quando visitem o país, intervenham para acabar com o que consideram ser
uma repressão política.
A Guiné Equatorial é governada
por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo desde 1979, entre reiteradas acusações de
violação dos direitos humanos e de perseguição a políticos da oposição.
A tensão aumentou no país, membro
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em finais de dezembro, a seguir
a um suposto golpe de Estado, denunciado e alegadamente impedido pelo governo.
Segundo um comunicado a que a Efe
teve acesso, o ministro de Estado da Segurança Nacional, Nicolás Obama Nchama,
disse que, a 24 de dezembro, um grupo de mercenários de Chade, Sudão e
República Centro-Africana entrou nas localidades de Kie Osi, Ebebiyin, Mongomo,
Bata e Malabo, a capital, para supostamente atacar o Presidente Obiang.
O Governo acusou a "oposição
radical" de ser responsável pela suposta tentativa de golpe, tanto a
partir de dentro como de fora do país.
"Estamos a ser vítimas,
querem justificar que somos golpistas, quando, na realidade, é uma operação de
limpeza do partido", denuncia o líder de CI.
"É uma vingança pessoal. Ele
[Obiang] sabe isso perfeitamente. É um ajuste de contas, não fizemos nada.
Querem eliminar o partido Cidadãos pela Inovação recorrendo a uma
mentira", frisa Obono.
Nas legislativas de
novembro, a oposição conseguiu um lugar na Câmara dos Deputados, elegendo Jesús
Motogo Oyono. Os restantes 99 lugares parlamentares nas mãos do Partido
Democrático da Guiné Equatorial, de Teodoro Obiang Nguema.
SBR (NVI) // VM // LUSA
Na foto: Nsé Obiang Obono, opositor
do regime ditatorial de Teodore Obiang / Google
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