Sidney, Austrália, 17 mar (Lusa)
-- O gabinete do procurador-geral da Austrália rejeitou hoje um pedido para
acusar de crimes contra a humanidade a líder de Myanmar, a Nobel da Paz Aung
San Suu Kyi, pela situação da minoria muçulmana rohingya.
Um porta-voz do procurador-geral
explicou à agência australiana AAP que o processo não avança porque "Suu
Kyi têm imunidade total, inclusivamente não pode ser notificada com documentos
judiciais".
O mesmo funcionário esclareceu
que a lei internacional protege de ações judiciais os chefes de Estado e de
governo, assim como os ministros dos Negócios Estrangeiros, sendo que Suu Kyi
também é chefe da diplomacia de Myanmar (antiga Birmânia).
Um grupo de advogados
australianos especializados em direito internacional e direitos humanos
apresentou na sexta-feira na justiça australiana a ação que, para a sua
tramitação, necessitava da aprovação do procurador-geral do país, Christian
Porter.
O pedido argumentava que Suu Kyi
não utilizou a sua autoridade e poder para prevenir que as forças de segurança
birmanesas expulsassem os rohingya das suas casas, no estado de Rakhine.
Esta iniciativa surgiu para
aproveitar a cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) com a
Austrália, que decorre neste fim de semana em Sidney.
No âmbito desta cimeira, centenas
de peças protestaram contra os abusos dos direitos humanos em países da ASEAN,
em especial com a situação dos rohingya e a perseguição da oposição no Camboja.
O primeiro-ministro australiano,
Malcolm Turnbull, prevê reunir-se con Suu Kyi na segunda-feira, sendo que entre
outros temas deverá abordar a situação daquela minoria.
O exército de Myanmar é acusado
de cometer assassinos, violações de mulheres e crianças e queimar casas dos
rohingya durante a operação militar de agosto último que causou a fuga de mais
de 680 mil pessoas.
Antes, em outubro de 2016,
ocorreu outro êxodo de população rohingya depois de uma operação militar em
Rakhine.
A maioria dos refugiados chegaram
à localidade do Bangladesh Cox's Bazar, que acolhe cerca de 900.000 rohingya.
Na terça-feira, o conselheiro da
ONU para a prevenção do genocídio afirmou que a informação que tem recebido
indica que o governo de Myanmar pretende livrar-se dos muçulmanos rohingya no
estado de Rakhine.
Em comunicado, Adama Dieng
admitiu que entre as intenções do executivo birmanês esteja a de
"destruir" esta minoria, "o que, a ser provado, constitui um
crime de genocídio".
SR // SR
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