Para além do Massacre de Santa Cruz o referendo em 1999 mostrou também ao mundo horrorizado e incrédulo a verdadeira face assassina dos militares, polícias e milícias indonésias. O 30 de Agosto é uma data
comemorativa da história de Timor-Leste. Subsequente à invasão do país pela
vizinha Indonésia em 1975. Nesse dia de 1999 realizou-se o referendo que
convidava os timorenses a pronunciarem-se se queriam continuar integrados na
Indonésia violenta e ocupacionista ou se queriam a independência do país. O
referendo foi regulado pela ONU e pela comunidade internacional.
Nos 24 anos de ocupação do país
conta para história o genocídio de mais de 200 mil timorenses comprovadamente
assassinados pelos militares e polícias indonésios ou desaparecidos após serem
lançados no mar por helicópteros das forças indonésias para as bocas de cardumes de tubarões.
Além dos que se encontram enterrados em valas comuns de localização
desconhecida (por enquanto) em pleno território leste-timorense.
Não é invulgar serem descobertos
restos mortais de timorenses em terrenos que por razões da natureza ou por via
de ação direta humana surgem à luz do dia a comprovar a imensa chacina dos criminosos indonésios que continuam impunes pelos seus crimes.
ONU acusa militares de Myanmar de
genocídio mas não acusou militares indonésios em Timor-Leste da mesma prática
criminosa. Falta fazer justiça!
Atualmente, que tanto se refere
os crimes praticados pelos militares de Myanmar e o genocídio dos rohingya,
acusados pela ONU, fica evidente a hipocrisia da ONU e da comunidade
internacional ao não reconhecer o genocídio organizado e sistemático praticado
pela Indonésia em Timor-Leste, contra os timorenses. Algo muito superior em números
de vidas assassinadas desde o dia da invasão em 1975 até ao último dia – em 2000
- da presença dos militares, polícias e milícias, assassinos das forças shuartistas
e seus generais.
Porém, Timor-Leste renasceu das
cinzas que essas mesmas forças indonésias ou próintegração causaram. De um país
completamente destruído tem vindo a ser feito o quase milagre e a paz de antes. O respeito pela vida reinstalou-se ao longo destes últimos 19 anos. Ainda não é
a terra de “leite e mel” que os timorenses sobreviventes e os após nascidos
desejam. Nada disso. Mas é um país de paz, com laivos de democracia que é
exemplo para muitos países da região. Além disso a liberdade faz parte do
quotidiano timorense. Assim como as injustiças sociais, as desigualdades e outras que são
contestadas e se vão alinhando cada vez mais em favor das contestações e das
populações. Por ora ainda não é o suficiente, mas já é alguma coisa e tem a
originalidade por que o povo timorense rege as suas vivências. Pese embora a
corrupção que é vasta e os grupos de interesses (alguns mafiosos) que têm vindo
a dilacerar a melhor vivência, mais justa e democrática, que é objetivo das
populações.
Em quase uma vintena de anos,
após os resultados do inquestionável referendo, Timor-Leste avança no progresso
e no desenvolvimento. Após a luta sacrificada, obstinada e valorosa dos
guerrilheiros e seus apoiantes por entre as populações, importa neste dia
comemorativo passar o testemunho aos que já nasceram na independência, livres,
timorenses com um país que foi defendido por heróis do povo que até hoje são
quase incógnitos ou mesmo absolutamente incógnitos mas que deram o seu
contributo para a vitória perseguida durante 24 anos e mais os que daí sobram
porque a luta não acabou, a luta continua por um Timor-Leste melhor, por um
povo que merece o melhor nas suas vivências, no presente e no futuro.
Compete
aos líderes, às elites, aos eleitos, respeitar as vontades das populações através de
melhores oportunidades para os timorenses e não só para alguns que aquiescem a
algumas seitas político-partidárias e outras que nas sombras das suas operações
desonestas e gananciosas por bens materiais e poderes obstruem os caminhos da
liberdade, da democracia de facto, do combate às desigualdades que afeta a
maioria das populações do interior e das grandes cidades através de um “caldo criminoso”
que em tétum se define por três simples letras, KKN. O significado de sigla
absolutamente entendido em português: Korupsaun, Konluiu, Neputismu.
Acresce nestas memórias do
passado e nas do presente salientar as comemorações deste inolvidável dia de
1999, o dia do referendo, e juntar aqui o constante na Wikipédia, porque apesar
de incompleto é da história de Timor-Leste e de um povo muito grande que lutou
e venceu por uma pequena meia-ilha que lhe pertence. Povo que luta para que sempre lhe
pertença.
Honra aos heróis que pereceram
mas também aos que sobreviveram e se ocupam a construir o país que é de todos eles
e não só de alguns. (MM = AV | BG | TA)
Crise de Timor-Leste de 1999 (da
Wikipédia)
A crise em Timor-Leste de
1999 começou quando as forças de oposição à independência deste país atacaram
civis e criaram uma situação de violência generalizada em toda a região,
principalmente na capital, Díli. A violência
começou depois que a maioria dos timorenses votaram pela independência da Indonésia num referendo realizado
em 1999.[1] Para
impedir esses incidentes, que mataram cerca de 1 400 pessoas, fez-se
necessário a implantação de uma força da Organização das Nações Unidas, (Força Internacional para
Timor-Leste, formada principalmente por membros do Exército Australiano) para pacificar a
situação e manter a paz.
Antecedentes: referendo
Em 1999, o governo indonésio
decidiu, sob forte pressão internacional, realizar um referendo sobre o futuro
de Timor-Leste. Portugal, que desde a invasão do território lutava pela sua
independência, obteve alguns aliados políticos, em primeiro lugar na União
Europeia, e depois de vários países do mundo, para pressionar a Indonésia.
O referendo, realizado a 30 de agosto de 1999, deu uma clara maioria (78,5%) a
favor da independência, rejeitando a proposta alternativa de Timor-Leste ser
uma província autónoma no seio da Indonésia,[1] conhecida
como a Região Autónoma Especial de Timor-Leste (RAETL).
Imediatamente após a publicitação
dos resultados da votação, as forças paramilitares pró-indonésias de
Timor-Leste, apoiadas, financiadas e armadas pelos militares e soldados
indonésios realizaram uma campanha de violência e terrorismo de
retaliação pelo resultado.[1] Cerca
de 1 400 timorenses foram mortos e 300 000 timorenses foram forçados a
deslocar-se para Timor Ocidental, a parte indonésia da ilha de Timor, como
refugiados. A maioria da infraestrutura do país, incluindo casas, escolas,
igrejas, bancos, sistemas de irrigação, sistemas de abastecimento de água e
quase 100% da rede elétrica do país foram destruídos. Segundo Noam
Chomsky: "Num mês, a grande operação militar assassinou cerca de
2 000 pessoas, estuprou centenas de mulheres e meninas, deslocou três
quartos da população e destruiu 75% das infraestruturas do país."[2]
Força Internacional para
Timor-Leste
Em todo o mundo, especialmente em
Portugal, Austrália e Estados
Unidos, os ativistas pressionaram os seus governos para tomarem medidas, e
o presidente dos Estados Unidos, Bill
Clinton, ameaçou a Indonésia com sanções económicas, como a retirada dos
empréstimos do Fundo Monetário Internacional.[3] O
governo da Indonésia aceitou retirar as suas tropas e permitir que uma força
multinacional no território para estabilização.[4] Ficou
claro que a ONU não tinha recursos suficientes para combater as forças
paramilitares diretamente. Em vez disso, a ONU autorizou a criação de uma força
militar multinacional conhecida como Força Internacional para
Timor-Leste (InterFET), com a Resolução 1264. A 20 de setembro de
1999 as tropas de paz da Força Internacional para Timor-Leste (InterFET),
liderada pela Austrália, foram implantadas no país, o que pacificou a
situação rapidamente.
As tropas da InterFET eram
provenientes de vinte países, sendo cerca de 9 900 no total, no início;
destes, 5 500 vieram da Austrália, da Nova Zelândia vieram 1 100 e
ainda houve contingentes da Alemanha, Bangladexe, Brasil, Canadá, Coreia do
Sul, Estados Unidos da América, Filipinas, França, Irlanda, Itália, Malásia,
Noruega, Paquistão, Portugal, Quénia, Reino Unido, Singapura e Tailândia. A
força foi conduzida pelo major-general Peter
Cosgrove. As tropas desembarcam em Timor-Leste a 20 de setembro de 1999.
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