sexta-feira, 31 de agosto de 2018

PM timorense confiante na promulgação do Orçamento para evitar falência do Estado


O primeiro-ministro timorense mostrou-se esta quinta-feira confiante que o Presidente da República vai promulgar o Orçamento Geral do Estado, ainda em debate parlamentar, considerando que não o fazer pode levar o Estado à falência.

"O senhor Presidente é homem de Estado, figura importante do país, símbolo da nação. Sabe e está a acompanhar seriamente os problemas e tenho confiança que vai promulgar", disse Taur Matan Ruak em declarações à Lusa em Tibar.

"Não promulgando, há um risco de o Estado ir à falência e do colapso social. E a situação não é fácil", explicou, em declarações à margem da cerimónia de arranque das obras do novo porto de Tibar, a oeste da capital timorense.

Taur Matan Ruak falava à Lusa menos de 24 horas depois de o Parlamento Nacional ter aprovado o Orçamento Geral do Estado de 2018 na generalidade, sem quaisquer votos contra, apesar da oposição remeter para a especialidade várias críticas e dúvidas sobre aspetos das contas.

Os documentos vão ser debatidos na próxima semana na especialidade, antecipando-se um voto final global favorável na sexta-feira, com pelo menos o apoio das bancadas maioritárias que sustentam a coligação do Governo.

O documento terá que ser depois promulgado pelo Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, sendo essencial para não só financiar os cofres do Estado - que este mês estavam sem dinheiro - como para reativar a economia timorense, que está praticamente estagnada há um ano e que depende maioritariamente do Estado.

Um eventual chumbo do chefe de Estado poderia, no entanto, causar uma nova crise política, já que obrigaria a coligação que suporta o Governo a obter um apoio de dois terços dos 65 deputados do parlamento para ultrapassar o veto presidencial.

Esse veto poderia também por em causa o calendário para o orçamento de 2019, que o Governo está já a preparar e que terá que chegar ao parlamento em dois meses.

Neste contexto Matan Ruak alerta para o facto de o orçamento ser essencial para resolver a situação económica do país.

"Isso só vai ser resolvido depois da aprovação do OGE 2018. E é crucial este orçamento. Daí a participação e o apoio da oposição é fundamental, e isso é determinante para resolver os problemas. Sem isso é impossível", afirmou.

Taur Matan Ruak considerou que a questão do orçamento deve ser "tratado de forma diferente" do impasse que mantém com o chefe de Estado sobre a tomada de posse de vários membros do Governo, que continua por resolver.

"Devemos tratar isso de forma diferente. O senhor Presidente tem noção dos problemas. Eu fui PR [Presidente da República] e sei o que é ser PR. É pai da nação e em último recurso é o responsável do sucesso e das derrotas do país e o Presidente sabe disso. Tenho muita confiança e espero que isto seja ultrapassado", frisou.

O primeiro-ministro declarou-se ainda "muito sensibilizado pela posição da oposição" durante o debate e votação na generalidade, afirmando que a postura das bancadas deixou vários recados ao Governo.

"A nível político tem muito simbolismo mas deixa uma mensagem muito forte. Primeiro para que tenhamos muito cuidado no rigor e em segundo lugar, alerta-nos para levar o investimento a áreas muito cruciais: educação, saúde, agricultura, desenvolvimento rural. Foi sempre a insistência da oposição. Mas acima de tudo o apelo à unidade. Gostei imenso", afirmou.

Sobre as criticas da oposição, que pediu rigor nas contas e evitar o esbanjamento, Taur Matan Ruak remeteu para o debate na especialidade para ver como identificar e resolver os problemas.

Lusa em SAPO TL

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