quinta-feira, 25 de abril de 2019

China acusa formalmente ex-presidente da Interpol de aceitar subornos

Pequim, 24 abr 2019 (Lusa) - A China ordenou hoje formalmente a detenção do ex-presidente da Interpol Meng Hongwei, que desapareceu subitamente durante uma deslocação a Pequim, em setembro passado, e foi posteriormente acusado de ter aceitado subornos.

O Supremo Tribunal Popular chinês anunciou a acusação na quarta-feira.

Meng, de 64 anos, foi vice-ministro da Segurança Pública até novembro de 2016, altura em que foi nomeado para dirigir a organização policial internacional, com sede em Lyon, França.

No mês passado, a Comissão Central de Inspeção e Disciplina do Partido Comunista Chinês (PCC) disse que uma investigação concluiu que Meng cometeu "graves violações da lei" e falhou em cumprir princípios e implementar decisões do partido.

Meng foi então afastado de cargos públicos e do Partido Comunista.

A mais ampla e persistente campanha anticorrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do PCC.

Além de combater a corrupção, a campanha tem tido como propósito reforçar o controlo ideológico e afastar rivais políticos, com as acusações a altos quadros do regime a incluírem frequentemente "excesso de ambição política" ou "conspiração".

O comunicado do órgão anticorrupção máximo do PCC detalhou que Meng abusou do seu poder para satisfazer o "estilo de vida extravagante" da sua família.

Meng "aceitou subornos e é suspeito de infringir a lei", anunciou o ministério chinês de Segurança Pública, em outubro passado.

A escolha de Meng para chefiar a Interpol foi na altura celebrada por Pequim, que tem vindo a reforçar a sua presença em organizações internacionais.

Meng perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China em 25 de setembro passado.

Depois de vários dias de silêncio sem que a família recebesse notícias de Meng e face à pressão internacional, a China confirmou a detenção.

Em 21 de novembro, a Assembleia Geral da Interpol decidiu substituir Meng pelo sul-coreano Kim Jong Yang.

A organização recebeu no dia 7 de outubro uma carta de renúncia e uma comunicação de Pequim informando que Meng não seria o delegado da China naquele organismo.

JPI // FPA

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