quinta-feira, 25 de abril de 2019

Chumbado projeto de lei sindical em Macau apresentado por deputado português


China, Macau, 23 abr 2019 (Lusa) -- O projeto de lei de associação sindical, apresentado pela sétima vez pelo deputado pró-democracia José Pereira Coutinho, foi hoje chumbado pelos deputados da Assembleia Legislativa (AL) de Macau.

O projeto de lei foi rejeitado com 16 votos contra a 13 a favor.

"É tempo de colmatar esta lacuna que em nada favorece a imagem da RAEM (Região Administrativa Especial de Macau), no cenário internacional como cidade internacional de turismo e lazer, naturalmente, os trabalhadores que são parte essencial no desenvolvimento e progresso não devem continuar a ser explorados nos seus mínimos direitos laborais", disse o único deputado português de Macau, ao ler a nota justificativa enviada à Assembleia Legislativa.

"Decorridos quase 20 anos após o restabelecimento da RAEM (...) constata-se que apenas os direitos fundamentais de natureza laboral (...) não mereceram ainda hoje legislação especial regulamentadora", salientou o deputado, na mesma nota.

O artigo 27.º da Lei Básica estabelece que "os residentes de Macau gozam da liberdade de expressão, de imprensa, de edição, de associação, de reunião, de desfile e de manifestação, bem como do direito e liberdade de organizar e participar em associações sindicais e em greves".

Pequim chegou mesmo a notificar as autoridades de Macau a 03 dezembro de 1999, alertando que a Convenção sobre a Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical, adotada em São Francisco (Estados Unidos) em 09 de julho de 1948, era para continuar a aplicar no território, com efeito a partir de 20 de dezembro desse mesmo ano, aquando da transição da administração de Macau de Portugal para a China.

Contudo, Macau nunca chegou a legislar sobre esta matéria, mesmo após recomendações da Organização Internacional do Trabalho.

A situação laboral tem-se agravado em Macau, com as concessionárias do jogo a partilharem 'listas negras' de funcionários despedidos, o não-pagamento dos subsídios de turno e noturno e despedimentos sem justa causa, exemplificou ainda na nota justificativa.

A esta acusação e após a votação, a deputada Angela Leong pediu a palavra para que Pereira Coutinho concretizasse as suas acusações contra as concessionárias do jogo.

Além de deputada, Angela Leong é presidente executiva da concessionária de jogo Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e quarta mulher de Stanley Ho, magnata do jogo e fundador da SJM.

"Como uma das dirigentes das concessionárias do jogo eu geralmente diálogo com as outras concessionárias, mas se existem esses casos isso deve ser entregue à polícia... qual é o casino onde isso aconteceu... eu creio que isso deve ser esclarecido", disse.

"Algumas dessas concessionárias têm uma quantidade elevada de clientes que agridem os croupier no casino", acusou Pereira Coutinho, acrescentando, sem concretizar, que "isso acontece nas salas vip e essas concessionárias de jogo não querem que os clientes importantes se sintam descontentes".

MIM (JMC) // VM

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