Díli, 10 set 2020 (Lusa) -- O
Presidente da República timorense reuniu-se hoje com vários membros do Governo,
incluindo o primeiro-ministro, para discutir a "crescente
preocupação" com a entrada ilegal de cidadãos timorenses pela fronteira
terrestre.
Em comunicado a Presidência
explica que no encontro com Francisco Guterres Lu-Olo estiveram o chefe do
Governo e também ministro do Interior, Taur Matan Ruak, o
vice-primeiro-ministro José Reis e os ministros da Defesa, Filomeno Paixão, e
dos Negócios Estrangeiros, Adaljiza Magno.
Antonio Armindo, vice-ministro do
Interior, disse à Lusa que nas últimas semanas entraram ilegalmente no país
"mais de 160 pessoas", tendo todas sido detidas e canalizadas para
locais de quarentena.
Apesar do reforço nas patrulhas e
no policiamento, com a instalação de novos postos de polícia fronteira, Armindo
admitiu que continuam a ser necessários mais agentes para a região.
"Aumentámos os postos de
polícia. Não revelamos o número de agentes já no terreno, por questões de
segurança, mas é preciso reforçar ainda mais o apoio à Unidade Especial
Fronteira (UEF)", referiu.
Vários casos da entrada ilegal
estão relacionados com membros de grupos de arte marciais que viajaram até ao
lado indonésio da ilha para cerimónias de juramento e filiação neste tipo de
organizações.
O jornal Tempo Timor reporta que
pelo menos 14 pessoas foram detidas pela polícia em Díli, depois de terem
entrado ilegalmente em Timor-Leste na última semana.
No comunicado, a Presidência da
República dá conta das "preocupações" do chefe de Estado com o facto
de que "vários cidadãos entraram ilegalmente no território", causando
riscos adicionais de contágio comunitário da covid-19, numa altura em que o
país tem apenas um caso ativo.
Francisco Maria de Vasconcelos,
chefe da Casa Civil, explicou que a reunião serviu para discutir medidas de
prevenção para travar as entradas ilegais, que podem trazer riscos acrescidos
para a saúde da população em Timor-Leste.
Esta preocupação foi destacada,
aliás, pelo chefe de Estado aquando da declaração de renovação do estado de
emergência, cujo novo período começou em 05 de setembro.
Cidadãos de qualquer país que
entrem em Timor-Leste têm, obrigatoriamente, que cumprir um período de
quarentena de 14 dias, em instalações do Estado ou hotéis previamente aprovados
pelo Ministério da Saúde.
Recorde-se que o país continua
com entradas restritas, com a fronteira terrestre a abrir para a movimentação
de pessoas apenas a cada 17 dias, para controlar o número de pessoas que entra.
As autoridades timorenses
continuam a expressar preocupação com o aumento crescente do número de casos na
vizinha Indonésia, especialmente por considerarem que o número real de casos é
maior do que o oficialmente confirmado, dada o relativo número baixo de testes
realizados.
As entradas ilegais fizeram
aumentar significativamente o número de pessoas em quarentena e confinamento.
Os últimos dados do Ministério da
Saúde mostram que ao dia de hoje estavam em quarentena em instalações do
Governo e hotéis -- pagos por Timor-Leste -- um total de 380 pessoas --
incluindo 277 em Díli, 22 em Covalima, 58 em Bobonaro e 23 no enclave de
Oecusse-Ambeno.
Em auto-confinamento estão 142
pessoas, quase todas em hotéis aprovados pelo Governo em Díli, cujos custos são
assumidos pelos próprios.
Nesta altura, há 142 pessoas
ainda há espera de conhecer resultados a testes à covid-19.
Timor-Leste, que está no quinto
período de 30 dias de estado de emergência, tem atualmente um caso ativo da
covid-19, com 26 doentes já recuperados desde o início da pandemia.
A pandemia de covid-19 já
provocou mais de 900 mil mortos e infetou mais de 27,7 milhões de pessoas em
196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
ASP // VM
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