Os funcionários públicos de Macau, incluindo os de nacionalidade portuguesa, poderão ser demitidos caso pratiquem "atos contrários" a um juramento de lealdade à China e ao território, indicam propostas de lei hoje apresentadas pelo Governo.
Tanto o pessoal de direção e chefia como os trabalhadores da administração pública terão de, ao tomar posse, prestar juramento de defesa da Lei Básica, a `miniconstituição do território`, e de lealdade à China.
"Consequentemente, o trabalhador dos serviços públicos, no ativo, que pratique atos contrários ao juramento, será alvo de processo disciplinar, sendo-lhe aplicada a pena de demissão", refere-se numa das propostas apresentadas pelo Conselho Executivo.
O porta-voz do Conselho Executivo disse numa conferência de imprensa que "é muito difícil" dar exemplos de comportamentos desleais, mas garantiu que a proposta, que não foi hoje divulgada publicamente, vai incluir "expressamente quais são os atos".
Por outro lado, André Cheong Weng Chon alertou que os funcionários públicos podem ser despedidos devido a conversas privadas ou comentários publicados em redes sociais.
Os atos desleais "não se limitam apenas à vida profissional", defendeu o dirigente, que acrescentou que a vida privada e profissional de um trabalhador da função pública "nem sempre estão separadas".
André Cheong sublinhou que o juramento será obrigatório para todos os funcionários públicos, incluindo os portugueses, mas acrescentou que poderão fazê-lo em português, uma das duas línguas oficiais de Macau, juntamente com o chinês.
De acordo com o último Relatório
de Recursos Humanos da Administração Pública, em
Os trabalhadores já em funções terão 90 dias para fazer o juramento, sendo que a recusa implica automaticamente a anulação da nomeação para o cargo, sublinhou na conferência de imprensa a diretora dos Serviços de Administração e Função Pública, Ng Wai Han.
As duas propostas obrigam ainda os funcionários públicos a prestar o juramento de forma "sincera e solene".
A sinceridade do juramento será "avaliada no momento" pelo superior hierárquico, explicou André Cheong, que sublinhou que qualquer demissão poderá ser alvo de recurso para os tribunais.
A Lusa pediu um comentário ao presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, o português José Pereira Coutinho, mas não recebeu qualquer resposta.
Coutinho é também um dos 33 deputados da Assembleia Legislativa da região, que irá discutir e votar as duas propostas hoje apresentadas.
RTP | Lusa
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