Rilijanto Viana | Diligente
Ronaldinho Ximenes, de 23 anos, morreu após ser atingido no peito durante confrontos entre jovens no posto administrativo de Cailaco, em plena cerimónia do 23.º aniversário da Restauração da Independência. A polícia nega ter disparado contra o jovem e a autópsia poderá esclarecer a causa da morte. O caso está a ser investigado.
O jovem foi atingido no peito durante confrontos entre grupos rivais, que terão perturbado a cerimónia do 23.º aniversário da Restauração da Independência, realizada no campo da administração de Cailaco. Os disparos, alegadamente realizados por agentes da PNTL no local, causaram pânico entre os participantes, e Ronaldinho acabou por sofrer um ferimento grave. Foi evacuado pela família para o Hospital Referencial de Maliana, mas não resistiu aos ferimentos.
O cadáver foi transportado para Díli às 19h de terça-feira, acompanhado por agentes da polícia, e encontra-se no congelador do HNGV para a realização da autópsia.
Carlito Maubada, pai da vítima, relatou ao Diligente que, durante o confronto, ouviram-se tiros, mas não se sabia ao certo em que direção a polícia estava a disparar. “De repente, alguém correu até mim para dizer que o meu filho tinha sido atingido. Em choque, corri para o local e vi o meu filho caído no chão, com muito sangue a sair. Sentei-me a chorar e gritar por ajuda. A comunidade veio e levou-o para o hospital”, contou.
Durante o transporte para o Hospital de Maliana, o jovem ainda estava consciente e pediu à família que segurasse nos seus pés e que o carro andasse devagar. “Mas ele não conseguiu dizer quem o atingiu ou se foi a polícia quem disparou, porque já estava sem forças”, relatou o pai, entre lágrimas.
No hospital, foi realizada uma cirurgia de emergência, mas os médicos informaram que os pulmões de Ronaldinho estavam gravemente danificados e que ele tinha perdido muito sangue. Não conseguiram salvá-lo.
O pai garantiu que o filho não estava envolvido nos confrontos. “O meu filho não estava a lutar. Ficou no local, e foi aí que alguém o atingiu com um tiro ou uma faca. Isso é o que ainda não sabemos.”
Segundo Carlito, os jovens de Cailaco já trocavam ameaças anteriormente. “O meu filho não sabia de nada. Veio de Díli no sábado só para participar na cerimónia. Foi uma vítima inocente.” Ronaldinho era o terceiro de seis irmãos e frequentava um curso de língua coreana em Díli.
O porta-voz do Comando-Geral da PNTL, superintendente João Belo dos Reis, declarou em conferência de imprensa, realizada na quarta-feira, que é prematuro concluir que Ronaldinho foi morto por disparos da polícia. “Só o resultado da autópsia poderá determinar se a morte foi causada por arma de fogo ou outro objeto contundente.”
O porta-voz confirmou que houve disparos efetuados por agentes da polícia durante os confrontos. “A nossa equipa nacional, juntamente com a do município de Bobonaro, está no terreno a investigar. Se se comprovar que houve uso indevido de arma por parte de algum agente, será responsabilizado segundo a lei.”
Segundo informações recebidas pelo Comando-Geral da PNTL, os jovens envolvidos pertenciam a dois Grupos de Artes Marciais que, na noite do dia 19, tentaram provocar conflitos. Durante a cerimónia oficial, voltaram a confrontar-se, o que levou à intervenção da polícia. Como resultado, um jovem ficou gravemente ferido e, após ser hospitalizado, morreu.
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