Macau,
China, 10 mai (Lusa) - As receitas dos casinos de Macau estão em queda homóloga
desde junho de 2014, mas a importância do setor no contexto regional, e até
mundial, não está em causa, pelo menos a curto prazo, consideram analistas do
mercado.
Muhammad
Cohen, especialista de jogo da Inside Asian Gaming, defendeu em declarações à
agência Lusa, que "as quedas [nas receitas] não parecem estar a ter
qualquer impacto nas políticas ou no investimento".
Num
artigo recente divulgado pela agência AFP, é destacado, por um lado, que Macau
conquistou o maior "quinhão" - 44.000 milhões de dólares (40.709
milhões de euros) - dos 80.000 milhões de dólares (74.017 milhões de euros) que
o setor do jogo gera a nível mundial.
Na
comparação com outras jurisdições importantes, a agência noticiosa refere que
Las Vegas arrecadou receitas de 6.300 milhões de dólares (5.829 milhões de
euros) e Singapura de 6.000 milhões de dólares (5.551,7 milhões de euros).
Macau
é o único local da China onde o jogo em casino é permitido, apesar de estar,
agora, a sentir os efeitos da campanha de combate à corrupção lançada pelo
Presidente chinês, Xi Jinping, do arrefecimento da economia chinesa e, ainda,
do maior controlo dos fluxos de capitais entre a China e o exterior, cujo
limite diário por pessoa é de 20.000 yuan (2.295,4 euros).
Para
DS Kim, analista do mercado de jogo na Ásia da JPMorgan Chase & Co.,
"as Filipinas, Singapura ou Coreia do Sul não vão necessariamente
beneficiar da queda das receitas em Macau".
"O
domínio de Macau não está ameaçado num futuro próximo", afirmou à AFP.
Opinião
idêntica tem Rommel Rodrigo, analista do Maybank Kim Eng Holdings Limited, que
considera que "o alegado desinteresse (dos chineses) pelos casinos em
Macau em favor dos casinos filipinos é exagerado".
Além
disso, depois de uma fase de arrefecimento ao longo de 2015, recolocando os
valores das receitas brutas a níveis de 2011, os analistas estimam o regresso
ao crescimento das receitas em 2016.
Mas,
como referiu à agência Lusa José Isaac Duarte, economista em Macau, esse
crescimento não será, contudo, ao mesmo nível que anteriormente. A partir de
2016 o eventual crescimento das receitas de jogo será mais lento do que as
taxas de dois dígitos até agora verificadas desde 2004.
Muhammad
Cohen vinca a campanha anticorrupção de Pequim como 'veículo condutor' da queda
das receitas, mas junta também o "maior escrutínio da indústria pela
China, Estados Unidos e autoridades locais" na redefinição do negócio ao
nível regional.
"Outros
destinos, como as Filipinas, o Camboja, a Coreia do Sul e Vietname estão a
atrair os jogadores 'premium' chineses e a construir novos resorts para acolher
mais pessoas", disse.
No
entanto, as "autoridades chinesas não são parvas", estão atentas e a
"observar estes jogadores e destinos, que têm de manter boas relações com
a China por motivos geopolíticos e económicos, além do turismo".
Se
a curto prazo, a liderança de Macau não estará ameaçada por países da região
como o Camboja e as Filipinas com custos de operação mais baixos e, por isso, com
mais possibilidades de abrir o leque da oferta turística, Muhammad Cohen deixa,
contudo, um alerta para o "longo prazo", quando esses destinos
"vão representar uma concorrência significativa para as dezenas de milhões
de turistas chineses à procura de novas e diferentes experiências, a maioria
destas no lucrativo segmento de massas".
JCS/ISG/FV
// JMR
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