segunda-feira, 11 de maio de 2015

Queda das receitas dos casinos não coloca em causa importância de Macau no mundo do jogo


Macau, China, 10 mai (Lusa) - As receitas dos casinos de Macau estão em queda homóloga desde junho de 2014, mas a importância do setor no contexto regional, e até mundial, não está em causa, pelo menos a curto prazo, consideram analistas do mercado.

Muhammad Cohen, especialista de jogo da Inside Asian Gaming, defendeu em declarações à agência Lusa, que "as quedas [nas receitas] não parecem estar a ter qualquer impacto nas políticas ou no investimento".

Num artigo recente divulgado pela agência AFP, é destacado, por um lado, que Macau conquistou o maior "quinhão" - 44.000 milhões de dólares (40.709 milhões de euros) - dos 80.000 milhões de dólares (74.017 milhões de euros) que o setor do jogo gera a nível mundial.

Na comparação com outras jurisdições importantes, a agência noticiosa refere que Las Vegas arrecadou receitas de 6.300 milhões de dólares (5.829 milhões de euros) e Singapura de 6.000 milhões de dólares (5.551,7 milhões de euros).

Macau é o único local da China onde o jogo em casino é permitido, apesar de estar, agora, a sentir os efeitos da campanha de combate à corrupção lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, do arrefecimento da economia chinesa e, ainda, do maior controlo dos fluxos de capitais entre a China e o exterior, cujo limite diário por pessoa é de 20.000 yuan (2.295,4 euros).

Para DS Kim, analista do mercado de jogo na Ásia da JPMorgan Chase & Co., "as Filipinas, Singapura ou Coreia do Sul não vão necessariamente beneficiar da queda das receitas em Macau".

"O domínio de Macau não está ameaçado num futuro próximo", afirmou à AFP.

Opinião idêntica tem Rommel Rodrigo, analista do Maybank Kim Eng Holdings Limited, que considera que "o alegado desinteresse (dos chineses) pelos casinos em Macau em favor dos casinos filipinos é exagerado".

Além disso, depois de uma fase de arrefecimento ao longo de 2015, recolocando os valores das receitas brutas a níveis de 2011, os analistas estimam o regresso ao crescimento das receitas em 2016.

Mas, como referiu à agência Lusa José Isaac Duarte, economista em Macau, esse crescimento não será, contudo, ao mesmo nível que anteriormente. A partir de 2016 o eventual crescimento das receitas de jogo será mais lento do que as taxas de dois dígitos até agora verificadas desde 2004.

Muhammad Cohen vinca a campanha anticorrupção de Pequim como 'veículo condutor' da queda das receitas, mas junta também o "maior escrutínio da indústria pela China, Estados Unidos e autoridades locais" na redefinição do negócio ao nível regional.

"Outros destinos, como as Filipinas, o Camboja, a Coreia do Sul e Vietname estão a atrair os jogadores 'premium' chineses e a construir novos resorts para acolher mais pessoas", disse.

No entanto, as "autoridades chinesas não são parvas", estão atentas e a "observar estes jogadores e destinos, que têm de manter boas relações com a China por motivos geopolíticos e económicos, além do turismo".

Se a curto prazo, a liderança de Macau não estará ameaçada por países da região como o Camboja e as Filipinas com custos de operação mais baixos e, por isso, com mais possibilidades de abrir o leque da oferta turística, Muhammad Cohen deixa, contudo, um alerta para o "longo prazo", quando esses destinos "vão representar uma concorrência significativa para as dezenas de milhões de turistas chineses à procura de novas e diferentes experiências, a maioria destas no lucrativo segmento de massas".

JCS/ISG/FV // JMR

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