Pequim,
08 Jun (Lusa) - Angola e China vão negociar esta semana "um novo pacote
financeiro para enfrentar as dificuldades" criadas pela redução do preço
mundial do petróleo, disse o embaixador angolano em Pequim, citado no fim de
semana pela agência Angop.
Num
encontro com jornalistas angolanos nas vésperas da chegada a Pequim do
presidente José Eduardo dos Santos, o diplomata, João Garcia Bires, salientou
"o papel preponderante" da China na reconstrução do seu país e disse
esperar que Pequim "continue a ser um parceiro estratégico nesta fase
difícil de Angola".
O
relato da agência noticiosa Angop não precisa o montante do "novo pacote
financeiro", nem refere se será concretizado sob a forma de empréstimo ou
através da abertura de linhas de crédito, como tem acontecido na última década.
Eduardo
dos Santos inicia hoje em Pequim a sua primeira visita à China em quase sete
anos, acompanhado por cinco ministros, entre os quais os titulares das pastas
dos Transportes (Augusto Tomás), Comércio (Rosa Pacavira) e Energia e Águas
(João Baptista Borges).
"Vários
acordos de cooperação" serão assinados durante a visita, indicou na semana
passada um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, sem
adiantar pormenores.
Há
dois dias, o semanário português Expresso afirmou que o presidente angolano vem
à China "em busca de um financiamento de 22.000 milhões de dólares"
para tentar resolver a "grave crise de tesouraria" da petrolífera
estatal Sonangol, descrita como "o principal 'braço armado' da economia de
Angola".
Se
o financiamento se concretizar, o volume de créditos concedidos pela China a
Angola desde 2004 subirá para 38.000 milhões de dólares, diz o jornal, citando
fonte diplomática em Luanda.
A
China, por sua vez, poderá tornar Angola a sua "principal plataforma de
expansão em África" e "fazer uma aposta gigantesca no setor
energético e na indústria extrativa" daquele país, refere o Expresso.
Segunda
economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China tem também as
maiores reservas cambiais do planeta, estimadas em cerca de 3,7 biliões de
dólares (3.700.000.000.000).
A
visita de Eduardo dos Santos à China, de seis dias, é vista em Pequim como uma
oportunidade para "injetar um novo ímpeto" nas relações bilaterais.
Para
o governo chinês, as "amigáveis relações" sino-angolanas são baseadas
na "confiança política reciproca" e "tornaram-se um modelo da
cooperação mutuamente vantajosa que a China mantém com os países
africanos".
A
China absorve cerca de metade do petróleo exportado por Angola, em troca de
financiamentos às empresas chinesas envolvidas na reconstrução nacional naquele
país, nomeadamente estradas, caminho-de-ferro e habitações.
Segundo
fontes chinesas, o montante dos empréstimos e linhas de crédito concedidos pela
China a Angola desde 2004 ronda os 15.000 milhões de dólares.
Mas
devido à queda do preço do petróleo, no primeiro trimestre deste ano, o valor
das exportações angolanas para a China caiu 50,3% em relação a igual período de
2014.
AC
// JCS
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