Banguecoque,
04 jun (Lusa) -- A Birmânia pediu à ONU um tratamento "justo e
imparcial" relativamente às suas ações na crise migratória no sudeste da
Ásia, numa altura em que se prepara para deportar centenas de imigrantes do
Bangladesh.
Numa
carta dirigida ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, publicada hoje no
diário estatal Global New Light of Myanmar, o presidente do parlamento, Shwe
Mann, insta o Conselho de Segurança das Nações Unidas a ser "justo e
imparcial" nas suas declarações sobre a Birmânia, que "se encontra
num processo de implementação de reformas democráticas".
Diversos
países da região e organizações internacionais têm assinalado a Birmânia como
responsável pelo êxodo de imigrantes, muitos dos quais rohingya, uma minoria
muçulmana perseguida no país.
Shwe
Mann pediu contenção nas palavras às organizações nacionais e internacionais
relativamente à crise migratória sob pena de se criarem mal-entendidos sobre o
país de se "agravar as tensões sectárias e o conflito".
"A
comunidade internacional deve adotar um enfoque objetivo e imparcial",
frisou o mesmo responsável na referida missiva.
A
edição de hoje do mesmo jornal publica ainda um comunicado do Ministério dos
Negócios Estrangeiros que assegura que o Governo birmanês trabalha para
repatriar os refugiados que chegaram ao país nos últimos dias depois de terem
passado semanas presos em barcos à deriva em alto mar.
O
último desembarque envolveu 734 pessoas, incluindo mulheres e crianças, as
quais foram intercetadas pela marinha há seis dias e que, esta quarta-feira,
foram alojadas em acampamentos temporários perto da fronteira com o Bangladesh.
A
estes somam-se outros 208 que chegaram em 21 de maio e que continuam retidos na
mesma zona à espera de serem deportados para o Bangladesh, assunto que as
autoridades birmanesas discutiram, esta quarta-feira, com o embaixador do
Bangladesh.
"A
Birmânia oferece alojamento temporário às pessoas que chegam de barco por
razões humanitárias", pelo que insta a outra parte a receber, prontamente,
estas pessoas, uma vez findo o processo de verificação, indica a nota oficial.
Duas
dezenas de países reuniram-se na sexta-feira em Banguecoque para abordar a
crise de refugiados sem poder acordar nenhuma medida para pôr fim à perseguição
de que são alvo os rohingya, considerados imigrantes ilegais pela Birmânia.
Desde
2012, 153.300 rohingya ou cerca de 10% dos que vivem na Birmânia, subiram a
bordo de barcos, operados muitas vezes por redes de tráfico de seres humanos,
para tentar alcançar a Malásia, segundo uma estimativa da organização Arakan
Project.
DM
// JCS.
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