Hong
Kong, China, 04 jun (Lusa) -- Cerca de 150 mil pessoas são esperadas hoje na
vigília no Parque Vitória, em
Hong Kong , para assinalar o 26.º aniversário da repressão
militar na praça de Tiananmen, em Pequim, segundo a organização, citada pela
AFP.
"É
uma luta constante pela justiça", disse Richard Tsoi, da Aliança de Apoio
aos Movimentos Democráticos Patrióticos na China, que organiza a vigília.
"É
importante que as pessoas de Hong Kong não esqueçam", acrescentou,
estimando a participação de 150.000 pessoas.
Richard
Tsoi disse esperar uma vigília pacífica, apesar de a concentração decorrer
apenas duas semanas antes da votação do plano de reforma política em Hong Kong , no Conselho
Legislativo (LegCo) a 17 de junho.
De
acordo com a organização, 180.000 pessoas participaram na vigília realizada no
ano passado, por ocasião do 25.º aniversário da intervenção do exército chinês
contra manifestantes pró-democracia que ocupavam a praça de Tiananmen (cujo
nome em chinês significa 'Paz Celestial').
A
Associação de Estudantes de Hong Kong, que habitualmente se juntava à vigília
organizada no Parque Vitória vai realizar este ano uma "alternativa"
no campus universitário, numa iniciativa em que espera 1.000 participantes.
Os
organizadores dizem não concordar com a premissa da Aliança de que a
democratização na China deva ser o pré-requisito para a democracia em Hong Kong.
"Queremos
organizar um evento diferente para podermos discutir o futuro de Hong Kong
enquanto residentes de Hong Kong", disse o presidente da Associação de
Estudantes, Billy Fung.
A
Federação dos Estudantes de Hong Kong também informou que não vai participar na
vigília principal enquanto estrutura associativa porque os respetivos membros
não chegaram a consenso sobre qual o evento em que iriam participar.
"Respeitamos
que este ano algumas pessoas tenham outras atividades", comentou Richard
Tsoi, "mas estamos confiantes de que muitas pessoas, incluindo a nova
geração, se juntem à nossa vigília".
A
circulação nas vias junto ao Parque Vitória vai estar condicionada.
De
acordo com a imprensa de Hong Kong cerca de 7.000 agentes foram destacados para
as operações de policiamento.
A
antiga colónia britânica e Macau são únicos territórios na China onde
anualmente é evocada a memória das vítimas e dos acontecimentos de junho de
1989 na praça de Tiananmen, que o governo central chinês ainda classifica como
"movimento contrarrevolucionário".
Em
Macau este será o segundo ano consecutivo, após a transição de soberania para a
China, em que a vigília volta ao Leal Senado, a principal praça da cidade.
A
iniciativa é organizada pela Associação de Desenvolvimento Democrático de
Macau, liderada pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, que apresenta
cinco solicitações ao governo central chinês, de acordo com comunicado citado
pelo jornal Hoje Macau.
A
associação reivindica o direito de os familiares das vítimas a lamentarem as
mortes em público, o direito das famílias e sobreviventes a aceitarem apoios e
doações da sociedade, e o fim das perseguições. Os outros dois pedidos incluem
"a libertação de todos os presos políticos desde o protesto na Praça da
Paz Celestial de 1989 e a publicação de toda a verdade sobre o massacre de
Tiananmen e apuramento das responsabilidades".
Em
declarações à agência Lusa, o ativista Jason Chao, que participa na vigília a
título individual, admitiu a possibilidade de este ano a concentração no Leal
Senado ter menos adesão do que os 1.000 participantes do ano passado, quando
foram assinalados os 25 anos sobre a repressão pelo exército chinês do
movimento pró-democracia.
"Este
ano não há o efeito dos protestos [realizados em Macau no final de maio contra
a proposta de lei que previa compensações pecuniárias elevadas para os
aposentados de cargos públicos]", justificou, referindo-se àquela que se
estima ter sido a maior manifestação na cidade desde a transferência de
administração.
FV/ISG
// JPS
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