Pequim,
07 jun (Lusa) - O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, inicia na
segunda-feira a sua primeira visita à China em quase sete anos, numa viagem
encarada em Pequim como uma oportunidade para "injetar um novo
ímpeto" nas relações bilaterais.
A
visita, de seis dias, ocorre num período em que a queda do preço mundial do
petróleo está a afetar negativamente a economia angolana, e em particular o
valor das suas exportações para a China.
As
"amigáveis relações" sino-angolanas são baseadas na "confiança
política recíproca" e "tornaram-se um modelo da cooperação mutuamente
vantajosa que a China mantém com os países africanos", disse um porta-voz
do MNE chinês.
"Vários
acordos de cooperação" serão assinados durante a visita, indicou o
porta-voz, sem adiantar pormenores.
Eduardo
dos Santos chega a Pequim na segunda-feira, mas o programa oficial, incluindo a
cerimónia de boas vindas, no Grande Palácio do Povo, no centro da capital
chinesa, só começará na terça-feira.
Além
do homólogo chinês, Xi Jinping, que é também secretário-geral do Partido
Comunista Chinês, Eduardo dos Santos vai encontrar-se com o primeiro-ministro,
Li Keqiang, e com o presidente da Conferência Política Consultiva do Povo, (uma
espécie de senado, sem poderes legislativos), Yu Zhengsheng.
O
programa inclui uma deslocação num comboio de alta velocidade até Tianjin, o
maior porto do norte da China, a cerca de 120 quilómetros de Pequim.
A
China absorve cerca de metade do petróleo exportado por Angola, em troca de
financiamentos às empresas chinesas envolvidas na reconstrução nacional naquele
país, nomeadamente estradas, caminhos-de-ferro e habitações.
Segundo
fontes chinesas, o montante dos empréstimos e linhas de crédito concedidos pela
China a Angola desde 2004, através de vários bancos estatais, ronda os 15 mil
milhões de dólares (13,5 mil milhões de euros).
Em
2014, o valor das exportações de Angola para a China diminuiu 2,67%, para cerca
de 31.000 milhões de dólares (27,8 mil milhões de euros), enquanto as suas
importações da China subiram 50,7%, para 5.970 milhões de dólares (5.370
milhões de euros).
No
primeiro trimestre deste ano, as exportações angolanas para a China caíram
ainda mais (50,3%) e as exportações chinesas para Angola continuaram a aumentar
(54,1%).
O
efeito da queda do preço do petróleo na economia angolana foi abordado em abril
passado em Pequim pelo ministro de Estado de Angola, Edeltrudes Costa.
"A
nossa parceria estratégica ganha ainda maior significado no atual contexto
económico e financeiro internacional, caracterizado pela incerteza", disse
Edeltrudes Costa, num encontro com um vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang.
A
visita de Eduardo dos Santos coincide também com a diversificação dos
investimentos chineses em Angola, desejada por Luanda.
Um
grande consórcio estatal vai investir este ano 5.000 milhões de dólares numa
herdade de 500.000 hectares em Angola, para "ajudar a reduzir a
dependência alimentar" daquele país, anunciou o China Daily, no final de
2014.
Será
o segundo investimento da CITIC Construction Co na agricultura angolana e
destina-se à produção de soja, milho e trigo, indicou o responsável da empresa
para as operações em África, Liu Guigen.
Presente
em Angola desde 2008, aquela empresa é conhecida sobretudo pela construção de
Kilamba Kiaxi, uma cidade satélite de Luanda, a cerca de 30 quilómetros do
centro da capital angolana.
José
Eduardo dos Santos visitou a China em dezembro de 2008, quatro meses depois de
ter assistido à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim.
Xi
Jinping foi recebido em Luanda em 2010, quando era ainda vice-presidente da
China, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, esteve em Angola no ano passado.
AC
// VM
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