Hong
Kong, 16 jul (Lusa) - Um grupo de defesa dos elefantes afirmou hoje que o
crescente comércio ilegal de marfim em Hong Kong - uma das cidades do mundo onde se
encontra mais marfim à venda - está a empurrar estes animais para a extinção.
A
venda de marfim proveniente de reservas registadas oficialmente, anteriores à
proibição de 1990, é autorizada para consumo interno em Hong Kong , mas um
relatório da organização "Save the Elephants" (Salvem os Elefantes)
indica ter encontrado um elevado número presas de animais mortos recentemente a
serem vendidas como marfim antigo.
"O
comércio de marfim em Hong
Kong é uma falha significativa nos esforços internacionais
para acabar com o massacre de elefantes em África", de acordo com o
relatório da organização ambientalista, divulgado no Quénia e em Hong Kong.
"Em
nenhuma outra cidade analisada se encontram tantas peças de marfim à venda como
em Hong Kong ",
afirma Esmond Martin um dos autores do relatório.
O
relatório indica existirem mais de 30.800 peças - principalmente joalharia e
estatuetas - à venda em 72 lojas. As compras são em 90% dos casos feitas por
residentes da China, onde a procura de marfim é elevada.
Combinado
com a ineficácia dos controlos na fronteira com a China, por onde passam cerca
de 40 milhões de pessoas todos os anos, o comércio de Hong Kong tem um impacto
relevante nos esforços para acabar com a caça furtiva de elefantes em África.
"Está
a decorrer um massacre dos elefantes africanos, mas o governo de Hong Kong
ignora" a situação, disse Alex Hofford do grupo "WildAid".
"Ao
longo de 25 anos, desde a proibição internacional, os comerciantes de marfim de
Hong Kong têm aparentemente branqueado marfim de caça ilegal" através das
reservas autorizadas, afirmou.
O
relatório descreve Hong Kong como o terceiro maior centro mundial de
contrabando de marfim, depois do Quénia e da Tanzânia.
Pequim
tem desenvolvido esforços para contrariar este comércio, aumentando os
processos de contrabandistas e apreensões de marfim nas fronteiras, mas os
ativistas consideraram as medidas insuficientes.
O
aumento da procura de marfim na Ásia está na origem da subida do número de
elefantes mortos em África, dado que as autoridades não conseguem desmantelar
as redes de contrabando, alertaram.
"A
menos que o comércio de marfim em
Hong Kong seja desmantelado, o território continuará a
representar uma das maiores ameaças para a sobrevivência da espécie",
disse Ian Douglas-Hamilton, fundador do "Save the Elephants".
Mais
de 30 mil elefantes foram chacinados no ano passado para satisfazer a procura
de marfim e da China e no Extremo Oriente, onde as presas valem mais de 1,80
euros por quilograma.
Na
década de 1960, Hong Kong era um dos mais famosos e maiores centros de
escultura de marfim do mundo. Desde 1990 que não registos de importação legal
de marfim para o território, e todas as vendas são oficialmente provenientes de
reservas existentes.
De
acordo com os dados oficiais, 242 toneladas de marfim foram vendidas em Hong Kong entre 1990 e
2008, o que representa uma média de perto de 13 toneladas por ano.
Desde
2010, as vendas registadas diminuíram para uma tonelada por ano, apesar da
procura crescente e de o número de visitantes da China ter mais que duplicado
no mesmo período.
"A
única maneira de resolver o problema é com uma proibição governamental da venda
de marfim", disse Hofford.
EJ
// JMR
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