Hoje
proponho aos nossos leitores analisar um artigo divulgado pelo “Macau Daily
Times” no dia 6 de Julho do corrente ano, intitulado “A de facto official
language” e onde era discutida a utilização da língua inglesa em Macau. De acordo com a
mesma fonte, “dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e
Censos, mostram que 1.5% da população local indica o inglês como a sua
linguagem habitual nos Censos de 2006, enquanto que em 2011 esse número cresceu
para 2.3%”. Entretanto, “o Gabinete de Comunicação Social revelou que o Governo
tem vindo a publicar uma grande parte do seu Relatório das Linhas de Acção
Governativa em inglês desde 2000. Mais do que isso, e para além da informação
disponível em chinês e em português, as autoridades emitem também comunicados
em inglês quando o assunto for apropriado, mas especialmente no que toca às
Linhas de Acção Governativa, saúde pública ou outros assuntos que possam ser
interessantes para os meios de comunicação social do estrangeiro”.
Além disso, o artigo discutiu ainda a situação verificada
“De facto” é uma expressão em latim, significando isso mesmo, de facto. Assim, uma língua oficial é diferente do que uma língua considerada “de facto”. De acordo com as leis locais, uma “linguagem oficial” é aquela que deve ser utilizada pelo Governo nas suas comunicações com os residentes. As linguagens oficiais a ser utilizadas em Macau e
Mas, mesmo apesar de a Lei Básica de Macau não lhe fazer nenhuma referência, nenhum de nós pode negar o uso do inglês nas nossas vidas quotidianas, sendo este idioma de particular utilidade para o contacto feito entre os advogados do território e os seus clientes. Tendo em conta que muitas empresas estrangeiras se encontram a operar na RAEM, de entre as quais se destacam os casinos, operadoras de seguro e mesmo bancos que aqui estabeleceram uma das suas sucursais, e que as suas chefias são preenchidas por americanos, europeus ou australianos, na sua maior parte, assim se percebe melhor esta necessidade, visto que os mesmos não dominam nem o português nem o chinês. Faz assim sentido pedir que um qualquer contrato seja redigido em inglês, para melhor proteger os seus interesses pessoais.
Mas
há que considerar um problema em particular. Um contrato tem sempre de ser aceite
e rectificado (assinado) por pelos menos duas partes, que vamos aqui
identificar como X e Y. Se X insistir em ter o contrato em inglês, e Y
concordar, não existe aqui nenhuma disputa. Porém, se X e Y optarem em vez
disso por redigir o contrato em chinês, e a seguir este documento necessitar de
ser traduzido para inglês, então aí é que começam a surgir problemas, devido a
eventuais discrepâncias entre as duas linguagens. Como é que se lida então com
possíveis diferenças entre os dois contratos, um em inglês e outro em chinês, e
qual dos dois é que prevalece sobre o outro?
Voltando outra vez ao artigo 9 da Lei Básica de Macau, e se X constituir o Governo de Macau, então X tem nesse caso o privilégio, pois o artigo 9 da Lei Básica de Macau obriga o Governo da RAEM a usar apenas o português e o chinês nas suas comunicações. Neste caso, o contrato em inglês existe apenas numa natureza suplementar.
Esta discussão fica limitada a contratos
Para responder a esta questão, temos primeiro de tecer duas considerações. Primeiro, pode o inglês ser usado para redigir um contrato? E, em segundo lugar, pode um advogado usar o inglês para preparar um contrato?
O artigo 9 da Lei Básica de Macau apenas restringe o Governo de Macau a usar o chinês e o português nas suas comunicações. Já no que diz respeito aos seus residentes, nenhuma restrição do género existe. Assim sendo, não é ilegal o pedido de utilização do inglês nos respectivos contratos.
Mas, em relação à nossa segunda consideração, se desejarmos ver o nosso advogado a redigir um contrato em inglês, existe nesse caso o pré-requisito que esse advogado seja fluente
Com o constante aumento no número de estrangeiros a residir em Macau, cresce também a necessidade de utilizar esta língua, por isso a importância deste idioma aumenta de dia para dia na RAEM. A constante procura do inglês para a formulação de contratos faz com que este tenha cada vez mais importância em documentos legais. Em casos de disputa envolvendo um contrato em inglês, apenas o tribunal tem poder para resolver a questão, por isso, e nestas situações, o inglês acaba por ser útil para advogados e juízes, assim como para a área legal
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Macau, opinião
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