Rojer Rafael T. Soares, opinião
A
Democracia em Timor-Leste tem evoluído de uma forma gradual e com maturidade,
materializando-se no exercício do voto, no exercício do poder de governação, na
implementação dos direitos e liberdades e deveres consignados na Constituição e
do sistema político, bem como na pluralidade de partidos políticos existentes
no nosso país.
O
surgimento de novos partidos políticos é um sinal claro e manifesto
funcionamento da Democracia. A diversidade de partidos políticos é também a
existência de uma oposição, que se espera que seja forte, ativa e crítica, e
que se reveja nos interesses do povo, impulsionando o desenvolvimento e a
democracia, em função de apresentação e implementação de políticas alternativas
que representem o interesse nacional.
Ainda
assim, a existência de alguns partidos políticos, como organizações
partidárias, tem como objetivo representar apenas um determinado segmento ou
classe da população, estando subjacente, apenas e estritamente, a defesa e
promoção de interesses inerentes a esse mesmo segmento ou classe política.
Nesse quadro, os partidos políticos podem dificultar a sustentabilidade da
Democracia.
Os
partidos políticos devem ser agentes de representação do povo, que diferem nas
ideologias e meios de implementação de políticas, mas os valores e interesses
do povo e da nação estão sempre lá.
Os
partidos políticos devem estar empenhados em definir os seus instrumentos de
ação política, com vista a darem respostas políticas aos desafios, interesses e
exigências populares, ao invés de estarem, constantemente, a apontar o dedo a
quem julgam ter falhado. É crucial o espírito de seriedade, de lealdade e de
sacrifício ede determinação em executar o Plano Estratégico de Desenvolvimento.
A sua execução impõe que os partidos políticos apresentem ao eleitorado quais
os seus programas e ações políticas.
Os
partidos políticos devem procurar deter legitimidade através da garantia de uma
democracia abrangente, transparente e responsável, por meio do seu efetivo
comprometimento político.
Com
a aproximação das eleições legislativas em 2017 fez despoletar o surgimento de
partidos políticos, que se espera que desenvolvam as suas bases ideológicas e
os seus programas de ação política face aos desafios internos e externos de
Timor-Leste. Para que serve um partido político se não apresenta a sua
ideologia, a sua diferença na resposta aos desafios internos, como diversificar
a nossa economia, que é dependente do petróleo confrontada com a descida
abrupta do preço do petróleo, a par da necessidade de promover uma
Administração Pública operacional dotada de eficácia e eficiência, bem como
desenvolver o sector privado. Nos desafios externos, como mobilizar os meios e
instrumentos necessários à entrada de Timor-Leste na ASEAN, bem como
proporcionar estratégias diplomáticas e securitárias para afirmação de
Timor-Leste no mundo.
São
desafios que requerem uma análise profunda e criteriosa quer por parte dos
agentes políticos, quer pelos agentes sociais e sociedade civil.
A
filiação a um partido requer que se ceda tempo, disponibilidade, interesse e
dedicação ao partido, ou seja, em termos práticos, implica sentido de Estado e
de serviço à Nação e ao Povo, desenvolvendo meios e políticas que priorizam o
bem comum – o interesse nacional.
Partido
político não pode ser olhado como um meio de obtenção de cargos
políticos/públicos, é necessário enfatizar e materializar a mudança, o
desenvolvimento e promoção do nosso povo, por meio desses cargos. Ou seja,
estar ligado ao Estado com vista a implementar as medidas, políticas, os
compromissos, os valores e leis que nossa sociedade precisa, em prol do
interesse nacional, garantindo-se o cumprimento da nossa Constituição. Não
podemos estar ligados ao Estado, e esquecermo-nos da nossa sociedade, do nosso
povo e da nossa Nação.
Rojer
Rafael Tomás Soares - rrtsoares@hotmail.com
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