Macau,
China, 22 abr (Lusa) - Macau quer assumir-se como um centro de formação de
língua portuguesa na região da Ásia-Pacífico, disse hoje o chefe do Governo do
território, Fernando Chui Sai On.
Considerando
que já há "uma certa base" no ensino do português, Chui Sai On
afirmou que Macau "tem condições para ser uma base de formação" nesta
área na zona da Ásia-Pacífico, dizendo que este é um dos objetivos estratégicos
da região para os próximos anos.
O
chefe do executivo de Macau considerou que é possível ir contratar mais
professores em Portugal, sublinhando "o bom relacionamento" com
Lisboa.
Chui
Sai On falava na Assembleia Legislativa, numa sessão de respostas aos
deputados, tendo sido questionado sobre o objetivo, estabelecido por Pequim, de
tornar Macau numa plataforma de cooperação entre a China e os países de língua
portuguesa.
O
apoio de Pequim ao desenvolvimento deste papel de Macau como ponte entre a
China e a lusofonia consta do XIII Plano Quinquenal chinês, aprovado
recentemente, o que foi lembrado por diversos deputados.
Cheang
Chi Keong, eleito por sufrágio indireto, lembrou, a este propósito, a falta de
quadros bilingues (português e chinês, as duas línguas oficiais de Macau) e
quis saber como é que o executivo pretende responder a este problema.
Chui
Sai On reconheceu que esta é uma questão central e deu como exemplo o próprio
Governo, em que faltam neste momento 126 tradutores para responder às
necessidades.
Garantindo
que o executivo "tem dado toda a atenção" a esta questão e que o
número de alunos a estudar português em Macau cresceu 20% no atual ano letivo,
vincou que é preciso apostar no ensino da língua portuguesa nas escolas não
superiores e apoiar ainda mais as escolas privadas na criação de oferta de
ensino do português.
Chui
Sai On referiu que o estudo do português é uma opção dos estudantes e
encarregados de educação e que "muitos" preferem escolher estudar
chinês e inglês.
A
este propósito, prometeu a adoção de medidas para incentivar mais estudantes a
optar pela língua portuguesa, incluindo alargar o âmbito de bolsas de estudo,
como as destinadas a estudar em Portugal e noutros países.
Nas
respostas que deu aos deputados, o chefe do executivo revelou que o primeiro
plano quinquenal de Macau será divulgado na próxima terça-feira, para consulta
pública, sendo o objetivo recolher contributos para elaborar o documento final.
Numa
sessão muito dominada por questões ligadas à habitação, Chui Sai On revelou que
a região vai avançar com a revisão dos diplomas que regem a atribuição de casas
aos funcionários públicos e de habitação económica, que têm sido motivo de
contestação e reivindicações.
Por
outro lado, defendeu que Macau deve criar a licença paga de paternidade,
sugerindo que se siga o exemplo das regiões e países vizinhos onde os pais têm
direito a entre três e 14 dias quando lhes nasce um filho.
Sobre
a situação da economia e a queda das receitas do jogo há 22 meses consecutivos,
considerou que apesar de uma queda do PIB superior a 20% no ano passado, a
situação não "é tão má" como se pensa e disse estar
"otimista".
Assim,
lembrou que o desemprego se mantém abaixo dos 2% e que a inflação é inferior à
da média mundial, por exemplo.
No
entanto, realçou que a região vai continuar a estudar medidas para apoiar as
PME e para diversificar a economia, para a tornar menos dependente do jogo.
MP // VM
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