O
presidente da petrolífera australiana Woodside reitera no relatório anual de
2015 da empresa que os governos de Timor-Leste e da Austrália devem "alinhar-se"
para fazer avançar o desenvolvimento do projecto de gás Greater Sunrise.
"Durante
o ano [2015] a Woodside continuou engajada com os governos da Austrália e de
Timor-Leste sobre as oportunidades de desenvolvimento do Sunrise", refere
Michael Chaney, na mensagem aos accionistas.
"Continuamos
empenhados no projecto mas precisamos alinhamento do Governo para garantir
certezas no investimento futuro", sublinha.
A
mensagem é praticamente idêntica à deixada nos últimos relatórios trimestrais,
confirmando o pouco ou nenhum avanço neste tema.
Em
2015, a Woodside, como operador do consórcio Sunrise, "manteve os
compromissos relacionados com as suas obrigações e continuou as suas
actividades de investimento", refere o relatório.
Os
campos do Greater Sunrise, localizados em 1974, contêm reservas estimadas de
5,1 triliões de pés cúbicos de gás e estão localizados no mar de Timor,
aproximadamente a 150 quilómetros a sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros
a noroeste de Darwin, na Austrália.
A
concessão do Greater Sunrise é controlada pela Woodside (o operador com 33%) a
que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Osaka Gas.
O
projecto, atrasado pelo impasse na definição das fronteiras marítimas entre
Timor-Leste e a Austrália e por diferenças de opinião sobre o modelo de
refinação, continua sem qualquer calendário definido.
Nos
bastidores da polémica sobre o Sunrise está o Tratado sobre Determinados
Ajustes Marítimos no Mar de Timor (CMATS), celebrado entre Díli e Camberra mas
que Timor-Leste declarou inválido devido a atividades de espionagem por parte
da Austrália. Ao abrigo do tratado, os 'royalties' do campo de Greater Sunrise
seriam divididos ao meio entre os dois países.
Caso
uma fronteira marítima seja definida, o campo poderia ficar totalmente em águas
timorenses.
Em
causa está ainda a questão da construção de uma unidade de processamento de Gás
Natural Liquefeito (GLN) na costa sul da ilha, opção da qual o Governo
timorense não abdica e que insiste ser a mais barata, tendo já realizado
investimentos na zona.
Esses
investimentos deviam ser ampliados no âmbito da assinatura, em Agosto do ano
passado, do maior contrato de sempre da história do país, de 720 milhões de
dólares, com a coreana Hyundai Engineering & Construction para a construção
de toda a unidade de apoio no sul.
Esse
projecto, conhecido como Tasi Mane, também está actualmente em limbo depois de
a Câmara de Contas ter recusado o visto prévio ao contrato, decisão de que o
Governo timorense recorreu, o Tribunal de Recurso.
A
Woodside realiza hoje a sua assembleia-geral de accionistas, marcada já pelo
voto negativo de mais de 27% dos accionistas ao plano de remuneração da
direcção, especialmente depois de nova queda nos resultados no primeiro
trimestre deste ano.
As
receitas caíram 30% no primeiro trimestre, em termos homólogos e face a 2015,
para 982 milhões de dólares, o segundo pior registo trimestral dos últimos
cinco anos.
SAPO
TL com Lusa
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