Guiné
Equatorial
A
página oficial do governo do ditador Obiang afirma-o como claro
vencedor das eleições presidenciais após cerca de duas horas do
encerramento das urnas de voto, o que não é novidade. Muito menos num regime
cujo eleito conta sempre com mais de 90% dos votos e que está no poder há 37
anos, após um golpe de estado que depôs o ditador Matias (tio de Teodore
Obiang) com rios de matanças e sangue à mistura.
Sem
surpresas, os equatoguineenses podem contar com mais sete anos
de presidência Obiang, mais sete anos de ditadura acalentada por
vários países do mundo e pela CPLP. Falta saber se Obiang tem por intenção
voltar a candidatar-se após estes próximos sete anos na presidência, em que
prefaz 44 anos no poder ditatorial daquele país pseudo-democrático e
pseudo-lusófono. Se voltar a candidatar-se, então podem contar com pelo menos
51 anos de regime Obiang na Guiné Equatorial - se não morrer entretanto, por
doença, por velhice, obviamente.
ELEIÇÕES
PRESIDENCIAIS NA GUINÉ EQUATORIAL FORAM UMA FARSA E OCORRERAM INCIDENTES
Em
despacho de notícia da agência de notícias EFE, veiculado pela Agência Lusa, é
referido que as eleições PRESIDENCIAIS
NA GUINÉ EQUATORIAL DECORRERAM SEM INCIDENTES, o que contraria o constante
em página institucional do regime de Obiang, assim como em notícia da Lusa que
pode ler em Página Global sob o título “Militares
mantêm cerco a sede de partido da oposição na Guiné Equatorial”. Durante
três dias cerca de 200 pessoas estiveram cercadas sem possibilidade de se
abastecerem de água e géneros alimentícios e ainda agora assim continuam, por
alegadamente terem sido protagonistas de atos de desordem e de violência. Essa
mesma referência consta na página institucional do regime, como já assinalámos.
Não
deixa de ser bizarro que a EFE, depois a Lusa, elaborem notícia de uma
normalidade que não existiu e que é desmentida pelas circunstâncias. Poderá
corresponder à realidade que o ato de votar, nas secções de voto, decorreu com
normalidade, porém, isso não invalida nem corresponde à verdade que as eleições
decorreram “sem incidentes”. Existiram e são comprovados pelo próprio regime e
pela notícia da Lusa que já referimos.
Enquanto
a contra-informação em respeito à preferência de Obiang corre pelo mundo, os
opositores do regime narram situação contrária à descrita pelas agências de
notícias. Isso mesmo já o Página Global estava a elaborar quando despencou a
notícia da Efe / Lusa de uma normalidade que não existiu como é comum num país
realmente democrático. Estranhamente, ou talvez não, apesar de a Guiné
Equatorial pertencer à CPLP, nenhum órgão de informação português se dignou
fazer in loco a cobertura jornalística deste período eleitoral, nem ao menos no
dia das eleições, o que não acontece, por exemplo, com Timor-Leste e outros
países lusófonos, da CPLP – que se expressam em português nos seus órgãos de
comunicação social, enquanto que a Guiné Equatorial não.
Como
afirmámos anteriormente, já estávamos a elaborar um texto alusivo aos
incidentes ocorridos na Guiné Equatorial. É esse mesmo texto que passamos a
apresentar. O contraditório é evidente. Parece não ser difícil concluir onde
falta a verdade sobre a realidade equatoguineense e todo este processo
eleitoral que deixa muito a desejar naquilo que se espera num regime realmente
democrático. Sabemos: com mais ou menos elevado débito de democracia estão
vários países que compõem a CPLP e a Guiné Equatorial é um deles, o de maior
débito. (PG)
REALIDADE
DE DÉBITO DEMOCRÁTICO DO REGIME DE OBIANG EXPÕE A FARSA ELEITORAL
Era
mais que previsível a trama do séquito do ditador Obiang nestas pseudo-eleições
presidenciais para se fazerem perdurar nos poderes do país. O domínio de Obiang
sobre a Guiné Equatorial é constante e acontece desde há 37 anos. As eleições
são uma farsa composta por inúmeras ilegalidades e, se necessário, prisões e
assassinatos de opositores. Hoje foi mais um dia de pseudo-eleições
presidenciais em que Teodore Obiang sai vencedor. Os resultados não poderiam,
como nunca puderam, ser diferentes nem desfavoráveis ao ditador.
Nos
cadernos eleitorais somente 300 mil cidadãos estão inscritos. Apesar de
existirem muitos outros cidadãos em idade de votar. O total de cidadãos ascende
atualmente a 800 mil. Os opositores ao regime de Obiang afirmam que “os
eleitores inscritos são escolhidos como numa peneira, apesar de nem assim
Obiang conseguir a totalidade dos votos expressos”.
Como
se não bastasse, Obiang tomou a decisão de ordenar aos militares o cerco à sede
do partido opositor Cidadãos pela Inovação. O pretexto para o cerco que já
acontece há três dias é a acusação do cometimento de desordens e violências.
Mais de 200 pessoas estão cercadas e encerradas dentro das instalações daquela
sede partidária sem a possibilidade de irem votar. Também não têm podido
abastecer-se de água nem de alimentos. O cerco mantém-se e as carências dos
militantes e simpatizantes daquele partido vão aumentando de dia para dia.
Temem o que possa vir a acontecer após o dia de eleições e a infalível
reeleição de Teodore Obiang na manutenção do cargo de presidente da República.
De
acordo com testemunhos as alegadas desordens de há três dias foram somente a
concentração para um pequeno comício de pendor contestatário da declaração de
invalidade da candidatura de Gabriel Nse Obiang Obono do partido Cidadãos pela
Inovação. Concentração que foi vulnerável a agitadores (alguns do exército e da
polícia, vestidos à civil) que começaram a causar distúrbios por entre a
assistência quando o candidato invalidado e líder do partido falava aos seus
apoiantes.
Na página
institucional do regime é declarado que “a junta eleitoral condena os
atos violentos perpetrados pelo CI” – Cidadãos pela Inovação. E que “o ambiente
de harmonia com que o governo da República da Guiné Equatorial está levando o
atual processo eleitoral não é compartilhado por outros atores políticos, que
por encontrarem-se fracassados, optaram por revoltas e provocações”.
Em comentário sugerido pelo Página Global à fonte que descreveu o incidente e a atual situação no país, relativa a este dia eleitoral e ao afirmado oficialmente, foi declarado em tom de lamento que “na Guiné Equatorial todos sabem que é o regime de Obiang quem manda, o regime de Obiang que vence e o regime de Obiang que os prende, os espanca ou assassina, dificilmente existe quem seja opositor e se atreva a enveredar pela violência ou por distúrbios. Essa é um argumentação repleta de mentira. Quem causou os distúrbios foram os homens de Obiang numa estratégia que já conhecemos muito bem e que nem neste período eleitoral nos permitiu ter uma pausa que se parecesse com alguma tolerância democrática. De um ditador como Obiang não podemos esperar outra atitude que não seja ditatorial e de esquemas que visem a sua manutenção no poder.” (PG)
Em comentário sugerido pelo Página Global à fonte que descreveu o incidente e a atual situação no país, relativa a este dia eleitoral e ao afirmado oficialmente, foi declarado em tom de lamento que “na Guiné Equatorial todos sabem que é o regime de Obiang quem manda, o regime de Obiang que vence e o regime de Obiang que os prende, os espanca ou assassina, dificilmente existe quem seja opositor e se atreva a enveredar pela violência ou por distúrbios. Essa é um argumentação repleta de mentira. Quem causou os distúrbios foram os homens de Obiang numa estratégia que já conhecemos muito bem e que nem neste período eleitoral nos permitiu ter uma pausa que se parecesse com alguma tolerância democrática. De um ditador como Obiang não podemos esperar outra atitude que não seja ditatorial e de esquemas que visem a sua manutenção no poder.” (PG)
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