Malaca,
Malásia, 19 jun (Lusa) - Luso-asiáticos de dez países juntam-se no final do mês
em Malaca, na Malásia, numa conferência para tentar unir esforços para
"salvar a cultura portuguesa na Ásia" e sensibilizar Portugal e a
CPLP para esta "questão séria".
A
expetativa é que a "primeira conferência das comunidades portuguesas
asiáticas", de 27 a 30 de junho, funcione como "um despertador"
para "os líderes do mundo português", disse à Lusa o malaio Joseph
Sta Maria, que preside à conferência.
Portugal,
sobretudo, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no seu
conjunto deveriam "dar atenção a esta questão séria", acrescentou,
sublinhando que "a comunidade portuguesa asiática é ignorada desde há
demasiado tempo".
"Portugal
tem responsabilidade moral em relação aos seus 'filhos' em toda a Ásia",
herdeiros da expansão marítima portuguesa dos séculos XVI e XVII, e apesar de
não serem cidadãos portugueses, disse Joseph Sta Maria, malaio, representante
das minorias junto da administração de Malaca e autor do livro "Pessoas
Proeminentes na Comunidade Portuguesa em Malaca".
"Em
muitos países asiáticos encontram-se traços de origem portuguesa na língua, na
comida ou mesmo na música tradicional", mas em muitos casos essa herança
enfrenta "sérias ameaças" e a cultura própria destas comunidades
"desaparecerá em breve, com o passar do tempo", vincou.
Segundo
Joseph Sta Maria, é "com tudo isto em mente" que os organizadores,
que pertencem à comunidade de origem portuguesa de Malaca, decidiram avançar
com a organização da conferência, em que estarão representantes de comunidades
da Malásia, Singapura, Indonésia, Sri Lanka, Austrália, Tailândia, Birmânia,
Timor-Leste, China e Índia.
"O
objetivo é consciencializar para a existência de comunidades luso-asiáticas nos
nossos países, com culturas e tradições herdadas de Portugal (...), e unir
esforços para trabalharmos juntos na sua preservação", afirmou.
Por
outro lado, a conferência espera chamar a atenção da CPLP para a existência
destas comunidades e para a ameaça de desaparecimento.
"Portugal
tem de desempenhar agora o papel que lhe compete e convencer a CPLP e os países
lusófonos ricos a salvarem a comunidade luso-asiática do desaparecimento.
(....) Esperamos conseguir abrir os corações dos líderes portugueses e que eles
vejam que a ameaça à identidade portuguesa na Ásia é real", acrescentou.
Na
conferência em Malaca, além de representantes das diversas comunidades, haverá
intervenções de académicos de universidades dos Estados Unidos, Indonésia,
Áustria, Sri Lanka, Filipinas, Malásia e Austrália, com investigações
relacionadas com a herança cultural portuguesa em diversos pontos do mundo.
A
conferência contará ainda com uma representação da Assembleia da República de
Portugal e tem como convidado o presidente da Assistência Médica Internacional
(AMI), Fernando Nobre.
MP
// VM
1 comentário:
Com a crize em Portugal......confusao no seio da CPLP....nao sei como podemos resgatar voces.....!
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