Díli,
31 jan (Lusa) - O projeto das escolas de referência timorenses, cofinanciado
por Portugal, vai ser alvo de uma avaliação independente que analisará o
crucial programa de ensino do português em Timor-Leste, disse hoje a secretária
de Estado da Cooperação portuguesa.
"O
que está previsto é a realização de uma avaliação em que todas as matérias
serão devidamente equacionadas e estudadas e também ponderadas as melhores
soluções. É nessa medida que se enquadra a minha discussão com as autoridades
timorenses", disse à Lusa em Díli a secretária de Estado dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação (SENEC), Teresa Ribeiro.
"Esta
é uma área de preocupação que estará também na nossa agenda de trabalho e que
será discutida. A ideia é que haja uma avaliação independente que nos ajude a
guiar os próximos passos e que incluirá todos os aspetos que têm a ver com o
programa", sublinhou, em declarações no primeiro de quatro dias de visita
a Timor-Leste.
Presente
nas capitais dos 13 municípios timorenses, envolvendo cerca de 80 docentes
estagiários de Timor-Leste, 130 professores portugueses e mais de 7.000 alunos,
o projeto das escolas de referência - Centros de Aprendizagem e Formação
Escolar (CAFE) - é o elemento mais importante do programa de apoio ao ensino do
português em Timor-Leste.
Cofinanciado
pelos dois países, o projeto tem sido afetado por vários problemas, com atrasos
no envio dos docentes - continuam sem chegar apesar de o ano letivo já ter
começado há mais de duas semanas - e longos atrasos no pagamento de componentes
salariais por parte de Timor-Leste.
A
coordenação do projeto tem sido criticada por dezenas de docentes que relataram
ser vítimas de ameaças e intimidação quando tentam denunciar os problemas que
afetam o projeto.
Falta
de critérios claros de avaliação dos docentes - que determinam quais os
contratos de docentes são renovados - e a elevada percentagem de professores
que não querem renovar a permanência em Timor-Leste atestam ainda o mal-estar.
Questionada
sobre estes aspetos, Teresa Ribeiro destacou a importância do projeto, que se
evidencia pelo "esforço financeiro" dos dois países na iniciativa, e
a "enorme abertura" das duas partes "para que se encontrem boas
soluções" para os problemas.
"Queremos
ultrapassar todos os problemas que se possam colocar ao projeto. É um projeto
muito ambicioso, e também não admira que haja dificuldades pontuais",
disse, considerando que o importante é a vontade das partes em "encontrar
o melhor caminho" para o projeto.
Sobre
a possibilidade de o programa ser ampliado - com escolas ao nível subdistrital
como ambicionam alguns líderes timorenses, a SENEC diz que primeiro é
importante ter os resultados da avaliação para "conformar o futuro do
projeto".
A
expansão "tem que ser muito bem pensada" para ver se há capacidade de
recursos para aumentar o programa que é "estratégico" para
Timor-Leste.
Recentemente,
o ministro da Educação timorense, António da Conceição disse que os CAFE
mostram ter resultados melhores do que as restantes escolas do ensino público
timorense, apesar de terem currículos idênticos, considerando que a diferença
se deve à capacidade dos professores e às metodologias de ensino.
Durante
a visita a Timor-Leste, Teresa Ribeiro reunir-se-á com ministros timorenses
responsáveis por áreas como a administração estatal, justiça, educação, defesa
e negócios estrangeiros, entre outros.
A
visita inclui ainda a assinatura de um protocolo de cooperação na área
educativa e visitas a projetos educativos em Díli - incluindo a Escola Portuguesa
Ruy Cinatti - e em Liquiçá, quer no âmbito do projeto das escolas de referência
(CAFE) quer do projeto Formar Mais.
Segundo
o gabinete da SENEC, a visita permitirá ainda iniciar o debate para a
negociação do próximo Programa Estratégico de Cooperação, o instrumento
enquadrador da cooperação entre Portugal e Timor-Leste.
ASP
// FPA
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