Díli,
10 mar (Lusa) -- O Presidente timorense, Taur Matan Ruak, exprimiu hoje
"gratidão e reconhecimento" aos participantes na missão "Paz em
Timor", a bordo do navio Lusitânia Expresso, há 25 anos, que considerou
"um ato de extraordinária grandeza e de profunda solidariedade".
"Num
ato de extraordinária grandeza e de profunda solidariedade, um grupo de jovens
de mais de vinte países, sob a sua coordenação, reuniram esforços e deram lugar
a uma iniciática que deixou marcas no movimento de solidariedade internacional
pela causa do povo de Timor-Leste", afirma o chefe de Estado timorense,
numa mensagem dirigida aos intervenientes, que este sábado se reúnem em Lisboa,
exatamente 25 anos depois da missão "Paz em Timor".
A
11 de março de 1992, a marinha indonésia impediu o 'ferry-boat' Lusitânia
Expresso de avançar em direção a Timor-Leste, onde os participantes na missão
"Paz em Timor" pretendiam chegar para depositar flores no cemitério
de Santa Cruz, em Díli, homenageando as mais de 200 vítimas do massacre perpetrado
pelas forças indonésias a 12 de novembro do ano anterior.
A
bordo, seguiam mais de uma centena de pessoas, incluindo o antigo Presidente
português António Ramalho Eanes, estudantes de 23 países, e 25 jornalistas
portugueses e 34 estrangeiros.
Perante
a impossibilidade de alcançar Timor, as coroas de flores foram lançadas ao mar.
"Os
timorenses receberam as flores que chegaram pelo mar. Mas acolheram nos seus
corações este gesto de rara beleza e sentiram os seus efeitos", afirma
Taur Matan Ruak, na mensagem escrita.
O
Presidente de Timor-Leste recorda que "naquela frágil embarcação -- o
Lusitânia Expresso -- estavam dezenas de corações que, a uma só voz, reclamavam
justiça e afirmavam solidariedade para com uma causa mil vezes justa".
"Exprimo
a nossa gratidão e o nosso reconhecimento pelo gesto, pelo exemplo e pela
nobreza dos sentimentos que deram origem à viagem do Lusitânia Expresso às
águas de Timor", destacou.
Graças
à iniciativa, "uma vez mais, o mundo ficou a conhecer o que se passava em
Timor-Leste e, um pouco por toda a parte, foi reavivada a convicção de que a
solidariedade é um belíssimo sentimento e gera ações inovadoras".
Meses
antes desta missão, em novembro de 1991, tinham sido divulgadas as imagens do
"massacre perpetrado contra jovens", no cemitério de Santa Cruz, em
Díli, "graças à presença de jornalistas corajosos", apontou Taur
Matan Ruak.
A
cerimónia de evocação dos 25 anos do Lusitânia Expresso e da Fórum Estudante
decorre no sábado à tarde no teatro Thalia, em Lisboa, e tem o objetivo de
refletir sobre as grandes causas do século XXI.
Na
sessão participam jovens que se dedicam à intervenção cívica e social,
nomeadamente responsáveis do Conselho Nacional de Juventude ou da Plataforma de
Apoio aos Refugiados.
Haverá
também um debate com jornalistas sobre a sua perspetiva sobre as grandes
causas, prevendo-se também intervenções da embaixadora timorense em Lisboa, da
atual secretária de Estado do Ensino Superior, Fernanda Rollo, e de Nuno
Ribeiro da Silva, à época secretário de Estado da Juventude e apoiante da
iniciativa.
Estão
ainda previstas intervenções do atual presidente do Conselho de Administração
da Caixa Geral de Depósitos, Emílio Rui Vilar, e do jornalista Adelino Gomes.
JH
// VM
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