Díli,
10 mar (Lusa) - O Presidente da República timorense admitiu hoje que no futuro
poderá assumir um papel de "contraditório" para evitar que a coesão
política que se vive em Timor-Leste paralise o desenvolvimento e impeça a
mudança necessária.
"Acho
que é o melhor caminho, ser o contraditório. E continuar a ser o que sou hoje.
Tenho ideias diferentes, tento contribuir", afirmou Taur Matan Ruak em
entrevista à Lusa.
"A
democracia não é um fim, é o meio. O nosso objetivo é reforçar a coesão
política e social, para estabilizar o país. Mas às vezes isso não dá, paralisa,
porque não havendo contraditório não há mudança. E por isso acho que temos que
começar a rever isso", explicou.
Numa
entrevista em jeito de balanço dos cinco anos na Presidência - cujo mandato
termina a 20 de maio -, o chefe de Estado afirmou que sempre trabalhou e vai
continuar a trabalhar para "prestar um bom serviço aos cidadãos, serviços
básicos".
"Não
é estar contra os grandes projetos. Mas entre as necessidades básicas imediatas
com os interesses estratégicos, é bom investirmos também mais fortemente no que
liga o dia-a-dia da população", referiu.
Taur
Matan Ruak, que na semana passada confirmou a intenção de se candidatar nas
eleições legislativas, insistiu hoje que, formalmente, só é chefe de Estado,
papel que assume em pleno, pelo que rejeita quem o acusa de fazer campanha na
Presidência.
Questionado
sobre as críticas às declarações de sexta-feira em que confirmou a sua ligação
ao Partido de Libertação do Povo (PLP), Taur Matan Ruak disse que "tudo
pode acontecer" depois de 20 de maio, quando termina o seu mandato como
Presidente.
"Eu
não tenho o nome no estatuto do PLP. E em Timor o que vale, é o legal, não uma
especulação. No fim do meu mandato direi, mas para já é só uma especulação. A
especulação é minha, pode acontecer ou não acontecer. Quando chegarmos lá direi
o que realmente pretendo", afirmou.
Algumas
das vozes mais críticas contestam o facto de Taur Matan Ruak se identificar
como próximo a um partido político quando ainda tem em cima da mesa, para
promulgar, a lei eleitoral do Parlamento Nacional.
Comentários
que Matan Ruak rejeitou, afirmando que a mesma questão poderia ser colocada aos
deputados: "se fizeram leis a seu favor ou dos seus partidos, em
detrimento dos outros".
"É
legítimo questionar-me mas também é legítimo questioná-los a eles. Comigo foi
simples especulação, mas eles estão ativos, são membros dos partidos, sábados e
domingos fazem campanha. Isso tem intenções limpas mas o PR é que não. Essa
história está muito mal contada", afirmou.
Insiste
que o importante é "as pessoas saberem dialogar" e evitarem que os
debates sejam menos "sobre quem ganha ou perda" e mais sobre
encontrar ideias boas, soluções simples e boas para resolver os problemas"
do país.
O
chefe de Estado diz que em Timor-Leste tem que aprender com os erros e com os
outros, procurando diariamente melhorar a prestação de serviços aos seus
cidadãos.
"Anda-se
a medir quem tem mais competências, quem faz mais o quê. O meu problema não é
esse, é ver qual é o melhor caminho para Timor. Se há ideias melhores que as
minhas porque não", questionou.
"Eu
sempre disse: o tolo aprende com os seus próprios erros, o idiota não aprende
nada, o sábio aprende com os outros. E Timor tem que aprender", afirmou.
ASP
// JPS
Sem comentários:
Enviar um comentário